A primeira parte da Assembleia Geral da URAP decorreu, dia 19 de Setembro, em Lisboa, para apresentação do Plano de Actividades para o ano de 2020/2021 e troca de informações, tendo sido ainda votada por unanimidade dos sócios uma moção na qual estes “reiteram a condenação dos actos fascistas, racistas e xenófobos que ocorreram nos últimos tempos em Portugal”.
O Relatório e as Contas das Actividades do Ano 2019 e respectivo parecer do Conselho Fiscal não pôde ser apreciado e votado, por impedimento do presidente, tendo sido convocada uma continuação da AG para data a anunciar.
Marcada para Setembro, a AG - que não se realizou em Março devido à pandemia que assola o país e o mundo - contou com a participação de 88 sócios, que se reuniram na Casa do Alentejo, cumprindo as nomas de segurança emitidas pela Direcção Geral da Saúde, e nela aderiram à organização sete novos sócios, que se vieram juntar aos 50 que se inscreveram durante o ano passado.
Na sala podiam ver-se muitos cravos, que ornamentavam também a mesa onde o presidente da Assembleia Geral, Levy Baptista, conduziu os trabalhos, ladeado por Eulália Miranda e Celestina Leão.
A moção da Direcção, lida por Palmira Areal, considerava que a “acção fascizante, que se vem desenvolvendo desde há anos e que contraria os princípios da Constituição da República Portuguesa, exige da parte do Estado um combate firme e determinado”, e apela “a todos os antifascistas para que, através da sua actuação de afirmação dos valores de Abril, combatam este fenómeno que se vem alastrando pela Europa e pelo Mundo”.
Marília Villaverde Cabral, coordenadora da direcção, destacou na intervenção de abertura as actividades da URAP, este ano mais reduzidas devido à COVID 19, mas mesmo assim significativas, como a Petição entregue na Assembleia da República contra a abertura em S. Comba Dão de um museu dedicado a Salazar, sob a cobertura de outra designação, de que se aguarda decisão; a inauguração da 1ª fase do Museu de Peniche, no dia 25 de Abril, com intervenções do primeiro-ministro e do ex-preso político Domingos Abrantes e, no dia 27, a festa popular; a participação da URAP no congresso da Federação Internacional de Resistentes (FIR), que denunciou o crescimento das forças fascistas; as comemorações do 25 de Abril, cantando a “Grândola, vila morena” nas sedes da URAP de Lisboa e Setúbal e distribuição de cravos vermelhos a quem passava; a procura da documentação da URAP por parte de investigadores.
A coordenadora previu que este ano as sessões em escolas, que a URAP dedica à juventude, terão de ser provavelmente em videoconferência “como já o fez o nosso companheiro Zé Pedro Soares”, informando que de Março de 2019 até agora “realizámos cerca de duas centenas de sessões e chegámos a mais de 5.000 alunos”.
Sobre o facto de não haver sessões sobre os livros editados pela URAP, Marília Villaverde Cabral realçou a sua importância “a nível orgânico como a nível financeiro”, para anunciar que “preparamos a edição de novas publicações sobre as prisões/fortalezas de Angra do Heroísmo; sobre as Mulheres que estiveram presas; sobre a Pide no Porto e sobre Caxias”.
Referindo-se ao Museu do Porto, a oradora congratulou-se pela AR “ter aprovado os projectos de Resolução do BE e do PCP”, como sendo mais um passo para a sua concretização.
A inauguração de uma peça escultórica evocativa da libertação dos presos de Caxias, numa cerimónia em Oeiras, “tendo o José Pedro Soares intervindo, em nome da URAP, e tendo proposto também, naquele local, um memorial com o nome dos presos”, foi ainda lembrada.
Ao referir-se ainda a 2020, Marília Villaverde Cabral anunciou que “conforme está escrito no Plano, há iniciativas que não dependem de nós, como a visita guiada a Andaluzia, a ida colectiva ao PE e o Comboio dos 1.000”.
Em seguida, usaram da palavra os responsáveis dos núcleos da Moita, Amadora, Porto, Seixal, Viseu/Santa Comba Dão, Almada, Barreiro, Peniche, Loures/Odivelas e Aveiro, fazendo uma resenha da actividade durante o ano transacto.
Intervieram elementos da direcção como César Roussado, que falou sobre organização, nomeadamente sobre a necessidade de consolidar os núcleos actuais, criar outros e actualizar quotas. Anunciou ainda que a URAP vai iniciar um processo de actualização do ficheiro.
José Pedro Soares, por seu lado, sublinhou a necessidade de combater o populismo e a extrema-direita, cabendo à URAP intervir também nesse âmbito. Sobre Peniche, anunciou para 31 de Outubro um convívio junto à fortaleza, e a edição em espanhol do livro da URAP "Forte de Peniche - Memória, Resistência e Luta", que será lançada em Espanha com a presença dos autores, e ainda do monumento a construir junto à prisão de Caxias com o nome dos presos políticos ali encarcerados durante o fascismo.
Ana Pato relatou a vertente multimédia da URAP – boletim, página, facebook -, e Francisco Canelas a ida ao Congresso da FIR, que decorreu em Reggio Emilia, Itália, entre 29 de Novembro e 01 de Dezembro, com a participação de 20 países europeus, sob o lema: "Guerra nunca mais", "Fascismo nunca mais!", e "Preservação da memória!".
Temos de travar “lutas, mesmo com esta pandemia que se abateu sobre a humanidade, porque o capital, como verificamos, está a aproveitar-se da situação, para atacar os nossos direitos”, disse a coordenadora no encerramento dos trabalhos.
Finalizando: “Temos muito trabalho pela frente, é certo, mas Abril tem muita força e nós confiamos na juventude, nos trabalhadores, no povo, para defender a democracia e a paz”.
A Associação de Amizade Portugal-Cuba enviou saudação à AG, e a Juventude Comunista Portuguesa fez-se representar.