excerto
Praticamente, desde a sua formação que a URAP tem tido contactos com organizações antifascistas criadas formalmente após a vitória sobre o nazi-fascismo em 1945, nomeadamente com a Federação Internacional de Resistentes - FIR e participado em iniciativas várias, ao longo dos anos.
Já em Maio de 2006, conseguimos responder positivamente ao convite que nos foi feito pela FIR e pelo Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Verde Nórdica, para intervirmos na Conferência Internacional que assinalou o 61º aniversario da derrota do nazi-fascismo na Europa e que marcou igualmente os 55 anos da Federação Internacional de Resistentes - FIR. A Conferência teve lugar no Parlamento Europeu, em Bruxelas e contou com a presença de 30 delegações e 70 participantes.
Durante os trabalhos, presididos pelo secretário geral da FIR, Dr. Ulrich Scheider, os participantes tiveram oportunidade de trocar e actualizar informações, perspectivando acções futuras nos respectivos paises e em articulação com organizações antifascistas a nivel europeu. Falou-se dos perigos do neofascismo Hoje; no crescimento da extrema direita na Europa e no Parlamento Europeu; na vergonhosa moção apresentada por um deputado do P.Europeu que visava ilegalizar os Partidos Comunistas na Europa.
Já em Outubro de 2006, a URAP participou em Madrid, a convite da Associação dos Amigos dos Brigadistas, com uma delegação, nos 70 anos da constituição das Brigadas Internacionais.
Foi uma iniciativa inesquecível. Pela presença daqueles homens e mulheres que, muito jovens, deixaram os seus paises, as suas famílias para irem combater, ao lado dos seus companheiros, na defesa da legítima República de Espanha. Ouvimos intervenções daqueles homens e mulheres que hoje, com oitenta e noventa anos, falam desses tempos com um espírito de futuro e dando ideia que, se as forças o permitissem, de novo travariam a mesma luta, pela mesma Causa. Mas ouvimos também o reconhecimento eterno de Espanha que os não esqueceu: por autarcas, deputados, pela filha de Dolores Ibarruri que, emocionada, leu o mesmo discurso que sua mãe fez, na partida dos Brigadistas. E em todas as iniciativas, muita juventude: solidária, interessada, agradecida.
Consideramos, pois, amigos, que apesar das dificuldades, o desenvolvimento destes contactos internacionais, são de uma grande importância para a nossa luta.
Assim, esperamos receber, em breve, aqui, em Portugal, um companheiro de Espanha, Marcus Ana, impulsionador de um Projecto Lei sobre a Memória Histórica. E estaremos presentes com uma delegação de jovens dirigentes da URAP, num Encontro de Juventude que terá lugar em Bruxelas, em Junho deste ano, promovido pelo Grupo Socialista no Parlamento Europeu e pela FIR.
Amigos, nos tempos que correm, dias carregados de nuvens, é bom sentir que não estamos sós. Que no Mundo há gente como nós que trava a batalha, que denuncia os atropelos às liberdades, que se solidariza com os oprimidos, o que demonstra que, apesar dos perigos, é possível um Mundo melhor.
Marília Villaverde Cabral
1. A URAP expressa a sua preocupação pelas insistentes actividades de grupos e forças que se afirmam de cariz fascista, com expressão estranha ao regime democrático português, garantido pela Constituição da República.
2. A URAP considera que essa propaganda, com elogios ao III Reich e exibição da sua simbologia, da cruz suástica e da saudação nazi, se insere directamente no ideário que ficou designado na história política da Europa do último século como nazi-fascismo e que se concretizou nas mais cruéis atrocidades cometidas no nosso continente a partir do poder de Estado.
3. No entender da URAP não se trata apenas de saudosismo ideológico.
A URAP considera que os agrupamentos neo-nazis a ressurgir em Portugal têm aqui algo de sedimentar, depois de 48 anos de fascismo. Mas nunca poderiam implantar-se com força sem apoio externo.
Ainda no passado dia 21 de Abril estava anunciada para Lisboa uma conferência com participação de várias organizações europeias que perfilham a mesma ideologia e anunciavam o desenvolvimento do,«seu activismo na Europa».
A escolha de Lisboa significa, certamente, que a consideram terreno propício para tal tipo de actividades.
4. A operação que a polícia judiciária levou a cabo antes de 21 de Abril comprovou que os neonazis, alguns dos quais com antecedentes criminais de violência e agressões, não coleccionavam só símbolos, mas também armas.
5. A reunião internacional de 21 de Abril era patrocinada por um partido formalmente legal, reconhecido pelo Tribunal Constitucional, o Partido Nacional Renovador, que desperta a dúvida pertinente de ser um partido verdadeiro e próprio ou uma fraude à lei.
Não tendo obtido as assinaturas suficientes para a sua formação como partido político, fez um negócio político com um partido já legalmente constituído, o PRD (Partido Renovador Democrático), então crivado de dívidas, que aceitou que estas fossem pagas por alguns indivíduos que nele se inscreveram e que ao cabo de algum tempo, mudaram o programa, os estatutos e os órgãos directivos do PRD, criando o PNR.
A criação de um partido por cidadãos que não tendo a possibilidade de o fazer, por falta do número mínimo de assinaturas requeridas por lei, recorrem aos escombros de um partido já existente legalmente, aproveitando a sua estrutura legal, pode considerar-se um negócio ilícito e fraudulento.
6. O Ministério da Administração Interna tem menorizado os indícios visíveis (e até de ostentação) quer deste partido, quer de organizações a ele directa ou indirectamente ligadas.
É certo que essas organizações procuram, através da mediatização, ganhar um protagonismo que não corresponde à sua marginalidade política.
Na URAP consideramos que é fundamentalmente no plano político, ideológico e cultural que devem ser combatidas as tentativas de reabilitação e desenvolvimento das ideologias, organizações e actividades de cariz nazi e fascista.
Mas seria perigoso se as autoridades menosprezassem o perigo que pode decorrer de iniciativas de carácter racista e fascista no nosso país.
6. O tempo que estamos a atravessar, os baixos salários, o desemprego, a precaridade, levam ao descontentamento e ao desânimo de largas camadas da população e são terreno fértil para a propaganda de soluções de força, xenófobas, racistas, antidemocráticas.
7. A URAP apela a que todos os antifascistas participem numa grande campanha contra as tentativas de branqueamento e reabilitação da ditadura fascista, dos seus protagonistas, da sua política.
Chamamos também a atenção das autoridades portuguesas para o seu dever de defesa da legalidade democrática.
Combatemos muito tempo por ela.
Custou cara a muita gente.
Estão em causa valores tão fundamentais como a liberdade, a igualdade, a justiça.
Não basta serem proclamados pela lei.
É necessário continuarmos a defendê-los, dia a dia.
A URAP continuará presente na luta contra o fascismo, pelos direitos do ser humano, pela democracia.
A URAP apela aos seus associados e a todos aqueles que se identifiquem com a sua causa a participar no desfile do 1º de Maio, promovido pela CGTP, neste ano em que se comemoram 45 anos sobre o histórico 1º de Maio de 1962.
O ponto de encontro da URAP será junto à Estátua de Santo António, Av. de Roma/Av. da Igreja, pelas 14H30.
A URAP iniciou a 25 de Abril de 2007 a sua página na Internet.
Procuraremos apresentar nesta página uma informação regular sobre as actividades da URAP e dos seus Núcleos nas várias regiões do país.
Mas pretendemos também abrir aqui um campo de esclarecimento, informação, reflexão, comentário e análises sobre o fascismo e a luta antifascista, em Portugal e no mundo, não só nas diversas formas que marcaram o último século, mas também nas expressões que essa luta toma no tempo actual.
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