A greve geral revolucionária de 18 de Janeiro de 1934 foi assinalada na Marinha Grande com uma manifestação de homenagem aos Vidreiros e População da Marinha Grande, organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira, em que participaram vários sindicatos, a CGTP e a URAP.
O coordenador da URAP, José Pedro Soares, convidado a intervir, lembrou a data como uma das grandes lutas de massas após a consagração do fascismo pela Constituição da 1933, considerando que foi igualmente um incentivo para outras lutas operárias e de outros trabalhadores que, ao longo dos anos, contribuíram para o 25 de Abril.
José Pedro Soares, que apelou à unidade dos democratas na luta pela Paz, sublinhou ainda que 57 pessoas que estiveram na revolta de 18 de Janeiro integravam a primeira leva que inaugurou o Campo de Concentração do Tarrafal em 1936.
Entre os 32 mortos do Tarrafal estão os comunistas da Marinha Grande António Costa e António Guerra, este último comandante da brigada de assalto ao posto de correios da Marinha Grande. Ainda Francisco da Cruz que morreu no Forte de Angra do Heroísmo e Manuel Carvalho no Hospital de Leiria.
Os membros da URAP fizeram-se transportar em dois autocarros e juntaram-se às centenas de pessoas que se encontravam no cemitério da Marinha Grande, onde se encontram os restos mortais de muitos dos vidreiros que participaram na insurreição, para colocar uma coroa de flores.
O dirigente do Sindicato dos Vidreiros Vladimiro Monteiro, após referir a presença do presidente da Câmara, Aurélio Ferreira, do presidente da Assembleia Municipal, Carlos Wilson Batista, e de presidentes de várias freguesias do Concelho, lamentou a deslocação do Monumento ao Vidreiro, da autoria do escultor Joaquim Correia, da Rotunda do Vidreiro, à entrada do concelho, para um local novo, sem consulta prévia ao sindicato.
A este propósito, recordou que o sindicato participou nos custos do monumento e que na sua inauguração estiveram vidreiros que integraram a insurreição de 1934.
A secretária-geral da CGTP- IN, Isabel Camarinha, falou da homenagem anual à luta dos vidreiros a 18 de Janeiro “para que não se esqueça” e referiu que estamos a viver um período em que se tenta branquear o fascismo.
Isabel Camarinha salientou problemas actuais como o custo de vida elevado, os existentes no ensino e na saúde e apelou à participação na Jornada Nacional da CGTP, dia 9 de Fevereiro, pelo aumento de salários e pensões, contra a precariedade e por mais direitos.
A grande repressão que se seguiu ao 18 de Janeiro de 1934, a jornada nacional contra a lei de criação dos sindicatos fascistas (Decreto 23 050 ou “decreto colete de forças”), que nesta cidade assumiu carácter insurreccional, e o desmantelamento posterior das redes sindicais da Frente Única dão uma importante vitória aos designados “sindicatos nacionais” de Salazar. Da Frente Única faziam parte a CGT (anarquista), a CIS (comunista), a FAO (socialista) a Comissão de Sindicatos Autónomos e a Comissão de Trabalhadores do Estado.
Do programa da visita à Marinha Grande, constou ainda um almoço-convívio na colectividade da Garcia e visitas ao Museu do Vidro e ao Núcleo de Arte Contemporânea (NAC) do Museu do Vidro.