O coordenador da União de Resistentes Antifascistas Portugueses, a directora do Museu Nacional da Resistência e Liberdade (MNRL) e ex-presos políticos ou familiares intervieram, dia 5 de Outubro, no VII Encontro-convívio organizado anualmente pela URAP na Fortaleza de Peniche, reafirmando a inauguração do museu a 27 de Abril de 2024.
O encontro, que contou com a colaboração do MNRL, realizou-se no interior das muralhas do forte, apesar das obras que estão a decorrer no local, foi promovido por ex-presos políticos, familiares e outros democratas, e teve a participação de centenas de pessoas oriundas de diversos pontos do país.
José Pedro Soares, o primeiro orador, saudou os ex-presos políticos, as famílias, os antifascistas, a directora do museu, os técnicos, as entidades públicas e todos aqueles que têm contribuído para que o museu seja uma realidade a muito curto prazo.
O coordenador da URAP realçou a grande actividade da organização, as centenas de sessões realizadas em todo o país, nomeadamente nas escolas, onde tem sido muito divulgado a inauguração do museu a 27 de Abril do próximo ano.
Aida Rechena, que encerrou a sessão, manifestou a convicção que o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade será inaugurado na data prevista, tendo realçado o empenho das várias equipas envolvidas nos trabalhos preparatórios, incluindo altos responsáveis do Ministério da Cultura.
A directora do museu destacou a importância dos conteúdos que estão a ser trabalhados para que qualquer visitante, nomeadamente jovens ou estrangeiros, percebam o que foi o peso da repressão antes do 25 de Abril, e o que aconteceu posteriormente.
Interveio igualmente Domingos Abrantes, ex-preso politico, grande lutador pela liberdade e membro do Conselho Executivo do MNRL. O orador destacou a importância do museu como testemunho do passado de repressão mas também na construção do futuro, sublinhando que “a resistência e a luta pela liberdade não foi só de ontem é também do futuro”.
“(...) há por aí alguns a afirmar que o 25 de Abril é de todos (…)”, disse, lembrando que houve fazedores da liberdade assassinados, que passaram longos anos nas prisões fascistas e na clandestinidade”.
Para Domingos Abrantes, a inauguração do MNRL vai ser o principal acontecimento das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
Silvina Miranda e Lucinda Saboga, filhas de ex-presos políticos, testemunharam, de forma muito emotiva, os anos difíceis da clandestinidade, das prisões e da privação da ausência dos pais.
No final houve um momento cultural com o Coral STELLA MARIS, de Peniche, dirigido pelo maestro Carlos Alves. Foram interpretadas três obras: canto popular alentejano - “Que Bonito Seria”; canção erudita - “Acordai”, de Fernando Lopes Graça, e “Balada do Outono”, de José Afonso. A terminar, o coro e os presentes entoaram em conjunto a canção Grândola Vila Morena, também de José Afonso.
A jornada iniciou-se com um almoço na Cantina da Câmara Municipal de Peniche, organizado pelo núcleo da URAP desta cidade, seguindo-se um grande desfile até à fortaleza. Foram gritadas diversas palavras de ordem em defesa da liberdade e democracia, contra o fascismo, em defesa do serviço nacional de saúde, do trabalho digno, do ensino e da cultura.
O encontro de Peniche foi também uma jornada de luta, em defesa da liberdade e da democracia, ameaçadas por diversos sectores da direita e extrema-direita, alguns de cariz fascizante, que pretendem destruir a Constituição da República que inscreve direitos fundamentais como o da habitação, saúde, educação e trabalho com dignidade.
Falou-se também de paz, para que cessem os vários conflitos presentes em várias partes do mundo, sejam nas guerras e/ou conflitos que ocorrem na Europa, Médio Oriente, África e América Latina.
A URAP está presente e apoia as causas da Paz. Por isso, vai participar no III Encontro pela Paz, organizado pelo CPPC, que decorrerá a 28 de Outubro de 2023, em Vila Nova de Gaia, e cujo objectivo é contribuir para a promoção da mobiliação e intervenção em defesa da paz e da cooperação internacional, pela rejeição do militarismo, da corrida aos armamentos e da guerra.
Os democratas portugueses têm uma longa tradição de luta pela paz nos vários conflitos que ocorreram e/ou ocorrem no presente e souberam sempre associar-se aos democratas e antifascistas de todo o mundo de forma consequente e determinada tendo contribuído para as soluções de paz que foram encontradas.
O VII Encontro-convívio em Peniche comemorou uma vez mais a vitória dos democratas que obrigaram o governo a desistir da intenção de concessionar as instalações do Forte a um grupo hoteleiro para aí construir um hotel de luxo e, em vez disso, instalar naquele espaço o Museu Nacional Resistência e Liberdade cuja inauguração irá decorrer no próximo ano, por ocasião das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.