A União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) realizou sábado, dia 23 de Março, a Assembleia Geral Ordinária, em sessão presidida pelo presidente da AG, Levy Baptista, na Casa do Alentejo, em Lisboa, com a participação de sócios dos diferentes núcleos espalhados pelo país.
Os associados, cerca de uma centena, apreciaram e votaram o Relatório das Contas de 2023 e respectivo parecer do Conselho Fiscal. O Relatório de Actividades de 2023 e o Plano de Actividades para 2024 foram igualmente discutidos e votados por unanimidade.
A Mesa era constituída pelo presidente da AG, Lev Baptista, Eulália Miranda, secretária, e Ana Páscoa, do Conselho Nacional. Durante os trabalhos foi lançado mais um livro editado pela URAP, “Cadeia de Caxias, a repressão fascista e a luta pela liberdade”.
Os trabalhos foram abertos e encerrados pelo coordenador da URAP, José Pedro Soares. Na sua intervenção relevou os aspectos mais marcantes da actividade da organização, nomeadamente o que tem sido feito em prol da preservação da memória histórica.
José Pedro Soares fez uma análise do actual quadro político nacional saído das últimas eleições. A nível internacional lamentou a continuação das guerras na Ucrânia e Palestina e apelou à necessidade de um cessar-fogo imediato.
Depois de sublinhar a necessidade da URAP ter uma nova sede para desempenhar cabalmente as tarefas que se lhe apresentam, o coordenador da URAP apresentou, entre outras coisas, o trabalho único que a organização desenvolve com a juventude nas escolas. Referiu ainda o trabalho com a preparação da conferência internacional que a URAP organiza no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.Em nome do presidente do Conselho Fiscal, Álvaro Contreiras, que não pôde estar presente, César Roussado, do Conselho Directivo, apresentou o Relatório das Contas, com um resultado negativo, reflectindo a intensidade da actividade de organização, que é necessário inverter. O Parecer do Conselho Fiscal considerou que as contas da URAP “traduzem com rigor o desenvolvimento do conjunto das actividades da União”, e propôs um voto de louvor ao Conselho Directivo pelo trabalho efectuado.
Coube a Carlos Mateus, do Conselho Directivo, apresentar o Balanço da Actividade 2023-2024, e a César Roussado o Plano de Actividades para 2024.
Entre as muitas iniciativas a realizar, Roussado destacou, nomeadamente, a necessidade de reforçar a recolha de assinaturas para a inauguração de um museu da resistência no Porto, na antiga cadeia da Rua do Heroísmo, considerando-a uma tarefa nacional. Ao mesmo tempo sublinhou a necessidade do reforço orgânico e a inscrição de novos sócios, para apontar o número de 500 em 2024.Seguiram-se as intervenções dos representantes dos vários núcleos tendo todos eles evidenciado a sua forma de organização, o reforço orgânico, as actividades realizadas e a realizar. O trabalho junto do universo escolar, a visita a locais da resistência, o assinalar com lápides ou memoriais os nomes dos presos-políticos da região, são igualmente denominadores comuns.
José Reis, do núcleo de Peniche, relatou igualmente as 54 visitas do roteiro antifascista de Peniche, só em 2023, com 1 654 participantes, e sobressaiu a inauguração, a 27 de Abril, do Museu Nacional de Resistência e Liberdade, bem como de um memorial com nomes do ex-presos de Peniche.
Francisco Lopes, representante da URAP na Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril, deu nota da preparação do Apelo para as comemorações e aludiu à importância especial deste ano do desfile em Lisboa.
O orador falou ainda do filme “A Cor da Liberdade”, documentário de Júlio Pereira que contextualiza a realidade social de Portugal antes de Abril, partindo da história da prisão e tortura de José Pedro Soares (1971-74), através da memória de ex-presos políticos, historiadores, jornalistas e artistas.
António Vilarigues, do Conselho Directivo e do núcleo de Viseu, para além dos assuntos comuns aos outros núcleos salienta um em particular, a saber, as tentativas de reabilitação de Salazar através da edificação do pretenso museu Salazar e o trabalho de resistência da URAP.Enquanto Joana Gonçalves, do núcleo de Lisboa, apresenta a novidade de uma banca da URAP mensalmente num local da cidade; Bernardino Grilo, do núcleo de Évora, refere a exposição "Da resistência à liberdade", na Igreja de São Vicente, e do ciclo de debates sobre a luta estudantil.
Adilo Costa, do núcleo de Setúbal/Palmela conta a participação da URAP na recriação da noite de 24 de Abril, em colaboração com o grupo de teatro O Bando e estudantes do ensino secundário, para além da presença na Feira do Livro Político.
Júlio Dias, do núcleo do Barreiro, diz que está em desenvolvimento um trabalho de levantamento e investigação sobre os antifascistas do Barreiro; enquanto Fátima Laginha, do núcleo de Almada, refere o êxito com o trabalho das escolas apoiado num protocolo da URAP com a Junta de Freguesia.
Vítor Torres, do núcleo de Vila Franca de Xira, realça a intervenção da URAP junto da Câmara Municipal, visando a edificação de um memorial aos presos políticos do concelho; e Pedro Pinheiro, do núcleo da Amadora, dá conta das actividades planeadas, nomeadamente um passeio por locais de resistência.
Do Porto, Conceição Mendes refere a participação da URAP no festival de cinema Indie Junior, a celebração da Constituição da República no dia 2 de Abril e sessões de filmes no espaço da URAP existente no actual Museu Militar do Porto, antiga sede da PIDE.Domingos Abrantes, ex-preso político, dirigiu-se à assembleia fazendo uma análise do actual quadro político nacional, a alteração da correlação de forças e o facto de a luta antifascista estar na ordem do dia, de esta dever ser iminentemente unitária, e a necessidade de mobilizar a juventude. Referiu o significado da inauguração do museu de Peniche e sobretudo depois da tomada de posse de um novo governo de direita.
O historiador Luís Farinha, do núcleo Mafra, deu nota da decisão camarária para construção do memorial nesta cidade, a ser inaugurado a 24 de Abril, bem como o necessário trabalho de levantamento e investigação que o precedeu. Vai ser também acompanhado pelo lançamento de um livro. Eugénio Ruivo, do mesmo núcleo, fez um balanço do impressionante trabalho da URAP com as escolas do concelho.
Hermínio Martins, do núcleo Coimbra, sublinha o trabalho de organização das comemorações populares do desfile do próximo dia 25 Abril nesta cidade.
Ana Pato, do Conselho Directivo, valorizou a colaboração no próximo número do Boletim de Marta Nunes com uma ilustração e abordou a necessidade de o boletim se inserir também na luta ideológica que a URAP tem de levar a cabo. Mencionou ainda os atrasos que é preciso superar na comunicação digital da organização.