Actual > Análise
Pela democracia, pela liberdade
Franciso Lobo
Uma das intervenções da URAP na vida portuguesa tem sido a de manter viva na lembrança dos portugueses uma época da nossa história marcada pela maior ofensa à dignidade humana, que correspondeu ao período da implantação do fascismo em Portugal. [...]
E não é por saudosismo. Tal decisão deste grupo que tem no seu seio bem viva a lembrança dum longo período de vivência miserável, obscurantista, de atrocidades, assassínios, mentiras e de repressão de toda a espécie, mas porque não tendo sido erradicada a forma de capitalismo motivadora desse modelo de sociedade, em que os grandes interesses económicos se sobrepõem ao poder político, as suas características agora bem vivas pelas orientações emanadas dum poder consertado à escala mundial apresentam-se com matrizes muito mais perigosas pela falsa capa envolvente, em que os termos Democracia e Liberdade são utilizados como anestesiantes para fragilizar a capacidade reivindicativa das populações.
E, com "pés de veludo", já eliminaram muitas das conquistas democráticas alcançadas nos primeiros anos da Revolução de Abril.
Leis do trabalho, da saúde e do ensino, direitos à habitação, princípios económicos - como as nacionalizações e a reforma agrária - o princípio fundamental democrático que é o da participação popular na vida da Nação - é isso que define o termo democracia - têm sido profundamente alterados, não se diferenciando, em muitos casos, os actualmente existentes dos de antes do 25 de Abril.
Acentuam-se as restrições à Liberdades e Garantias dos trabalhadores e dos cidadãos com um autoritarismo de estado altamente preocupante, muito particularmente para aqueles que viveram, sofreram e têm bem presente as consequências dum modelo de sociedade imposto ditatorialmente.
No percurso destas alterações têm-se utilizado os termos mais incríveis, como modernização e flexibilização, tentando iludir os cidadãos para fins inconfessáveis, acusando e apelidando de conservadores, antidemocráticos e até de fascizantes, quem não acompanha estas mudanças.
E se mais atentados à vida dos portugueses não sucederam, isso deve-se à resistência de muitos democratas e organizações diversas - entre as quais se inclui a URAP - que têm no seu seio vários jovens, alguns fazendo parte dos seus órgãos directivos.
Têm sido decisivas para este retrocesso histórico as orientações emanadas pelo grande poder económico consertadas à escala mundial, que anualmente fazem balanço da situação a nível global e deliberam a estratégia, de acordo com as dificuldades ou facilidades que lhes surgem para obtenção dos seus fins.
A contenção a esta voracidade só é possível com a resistência organizada dos trabalhadores e do povo em geral.
Lutar pela Democracia e pela Liberdade é participar activamente na defesa dos direitos ao trabalho com direitos, à justiça social, à educação, à saúde.
E esta é, sim, a principal razão da existência da URAP - União de Resistentes Antifascistas Portugueses.