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Na Europa e em Portugal, assoberbados por problemas económicos resultantes da crise geral do sistema capitalista e de políticas internas erradas, vem-se assistindo ao regresso de expressões próprias de um passado que julgávamos ultrapassado.
Um deputado do PP espanhol, afirmou que seria necessário retirar aos pais comunistas a tutela dos seus filhos e enviar estes para campos de reeducação!
Na Inglaterra, um ministro teorizou que os desempregados deviam ser proibidos de ter filhos...Na França e na Alemanha perseguem-se minorias étnicas a qualquer pretexto, mesmo que tenham contribuído para a riqueza desses países. Na Lituânia voltam a desfilar organizações nazis, enquanto se perseguem e prendem oposicionistas!
O nosso país também não foge a esta onda, e para além do que se sabe da perseguição nas empresas a quem, com coragem, assume tarefas sindicais ou simplesmente declara a sua filiação sindical, no capítulo do exercício das liberdades abundam tristes exemplos de que algo está errado (lembrando um pouco os finais da I República e que antecedeu a instauração do Estado Novo).
São sintomas desta ameaça, a frequência com que jovens, sindicatos e organizações políticas (como o PCP) se vêem coagidos na livre expressão da sua actividade. Veja-se o que se passa com a colocação de propaganda na rua, na pintura de murais políticos, no direito de reunião e expressão. Recentemente 5 jovens foram detidos pela PSP por estarem a pintar um mural. Conduzidos à esquadra, as jovens do grupo foram obrigadas a despirem-se a pretexto da busca de drogas!
São estes, tristemente, os tempos que vamos vivendo. Não bastam as medidas altamente gravosas que o governo e a direita impõem em obediência à pressão do capital financeiro nacional e internacional, como se observam, a par, a tendência para o agravar das normas que regulam os direitos e as liberdades democráticas (veremos o que se irá passar com a revisão da Constituição da República).
Os apelos do capital a que se retirem direitos ainda existentes no Código de Trabalho, as severas limitações à actividade sindical nas empresas, a penalização dos delegados e dirigentes sindicais, as dificuldades no acesso à justiça, a desregulamentação horária, os cortes e o congelamento de salários e outras medidas, a par da publicitação de lucros fabulosos da banca e empresas energéticas, com o anúncio de novos aumentos, são a expressão de um novo autoritarismo que está a manchar a democracia portuguesa!
Por estes factos, e como membros de uma associação que pugna por uma sociedade de liberdades, progressiva, pacífica e que honre a memória da resistência antifascista, não podemos deixar de fazer um forte apelo à participação de todos na próxima GREVE GERAL do próximo dia 24 de Novembro.
Entendemos que a GREVE GERAL, não sendo apenas um justo protesto indignado contra as decisões que a maioria da Assembleia da República tomou quanto ao orçamento do Estado para 2011, poderá constituir um forte aviso a todos os que pretendem fazer recuar o nosso país ao retrocesso civilizacional, para encher os bolsos de especuladores e banqueiros!
Santa Iria da Azóia, 15 de Novembro de 2010