O Senado brasileiro destituiu, dia 31 de Agosto, a presidente Dilma Roussef, eleita democraticamente, nas urnas, por 54 milhões de cidadãos.
O processo de democratização no Brasil e de derrube da ditadura militar está intimamente ligado à conquista, por centenas de milhares de brasileiros e brasileiras nas ruas, do direito a eleger directamente o presidente da República. O derrube da presidenta eleita do Brasil significa um rude golpe na democracia.
A URAP condena o golpe de Estado institucional que ocorreu no Brasil que vai pôr em causa as políticas levadas a cabo desde 2003, por Lula da Silva, e, em seguida, por Dilma Roussef.
Este golpe vem juntar-se a outros de que a América Latina está ser vítima que têm por objectivo a aniquilação de todas as transformações sociais e estruturais que ameaçaram o sistema montado pelas oligarquias económicas e financeiras dos seus países com o beneplácito dos Estados Unidos da América.
A situação que outros governos de países latino-americanos atravessam, como as Honduras e a Argentina, as dificuldades na Venezuela, e o que agora acontece no Brasil, aliás à imagem do sucedido no Paraguai, é exemplo do que está a acontecer a quem ousa contestar e transformar, numa perspectiva soberana, os hábitos políticos há muito implantados na região.
Os senadores golpistas, que fizeram o trabalho sujo outrora feito pelos militares fascistas, usaram os seus poderes, aproveitando os problemas económicos decorrentes da crise do capitalismo, para se vingar da presidenta Dilma Roussef que negou dar cobertura a elementos envolvidos no processo de corrupção "Lava Jato" e a travar essas investigações.
A América Latina voltou a ser palco de manobras políticas, diplomáticas, e também militares destinadas a derrubar governos democráticos livremente eleitos por sufrágio directo e universal. Com ou sem farda, são golpes de Estado contra a democracia.