Oito instituições ou personalidades receberam este ano o primeiro prémio Michel Vanderborght da Federação Internacional dos Resistentes (FIR), criado para galardoar os defensores dos valores da paz, da tolerância e da liberdade pelos quais Vanderborght sempre lutou.
Vanderborght, que foi presidente da FIR, morreu a 12 de Setembro de 2010, com 85 anos e foi uma importante figura do combate antifascista durante e depois da II Guerra Mundial.
O prémio foi entregue dia 7 de Julho, no Parlamento belga, ao Instituto Nacional Belga para os Veteranos e Vítimas de Guerra (IV-INIG) na presença do presidente André Flahaut, e recebido pelo actual presidente da organização, General André Lejoly, e pelo administrador-geral, Michel Jaupart.
Na cerimónia discursaram o presidente da Federação Internacional dos Resistentes (FIR), Vilmos Hanti, e o presidente do Parlamento, André Flahaut, que sensibilizou os presentes para os perigos do regresso de regimes antidemocráticos.
O prémio Michel Vanderborght 2013 distinguiu igualmente, a cidadã belga Marie-Louise Vanderborght-Valdemann, viúva de Michel Vanderborght, que comungou com ele as mesmas ideias e causas.
O professor búlgaro Velko Valkanov, cientista em assuntos políticos e históricos de renome, foi outro dos galardoados pelo reconhecimento do seu trabalho no âmbito da divulgação da luta antifascista na Bulgária.
A organização KONTAKTE e Eberhard Racdczuweit, da Alemanha, foram também premiados. Eberhard Racdczuweit pelo seu trabalho de mais de 20 anos no apoio financeiro, social e político a vítimas do nazismo - trabalhadores forçados e prisioneiros de guerra dos países da antiga União Soviética. A KONTAKTE pela publicação electrónica "Friday Letters", que desde há seis anos explica a forma de melhor beneficiar de apoios financeiros.
Giorgos Farsakidis, da Grécia, veterano e pintor, foi um resistente contra a ocupação fascista e prisioneiro do campo Makronisos, considerado o Dachau grego. É autor de um livro sobre pinturas de Farsakidis. É muito famoso na Grécia como pintor e fotógrafo.
Baruch Shub, de Israel, foi durante muito tempo presidente da "Organização dos Resistentes, Combatentes Clandestinos e Rebeldes do Ghetto", da qual saiu por sua vontade mantendo-se militante. Bate-se activamente pelo projecto de construção de um Memorial em homenagem à resistência judia, aos resistentes e soldados judeus nas fileiras da Coligação Anti-hitleriana, a erguer junto a um outro já existente em honra dos soldados israelitas, em Latrun, perto de Jerusalém. O objectivo desta iniciativa seria recordar a história e ao mesmo tempo transmiti-la às novas gerações.
O jornalista antifascista Filippo Guiffrida foi igualmente premiado pelo pela forma como defende e transmite as suas ideias. Viveu muito tempo em Bruxelas, onde escreveu sobre os problemas e o desenvolvimento da União Europeia, as reais dificuldades do povo, a segregação social e o desenvolvimento democrático, nomeadamente na actual crise económica. É um activista da organização italiana ANPI e coopera com o Instituto dos Veteranos e com a FIR. Esteve na organização da delegação de Itália que participou no "Comboio dos 1000", em 2012.
O 13º distrito de Budapeste, Hungria, foi também distinguido. Embora o prémio seja preferencialmente dado a organizações ou personalidades, esta região administrativa e os seus dirigentes, nomeadamente o presidente, foram excepção pela luta contra a segregação social e a política económica neoliberal. Ao invés da realidade húngara dos nossos dias, neste distrito ajudam-se famílias carenciadas e criam-se instituições para as crianças e para a cultura. O 13º distrito de Budapeste deixa realizar no seu seio iniciativas progressistas a que o Parlamento húngaro fechou as portas.
Michel Vanderborght - a personalidade que deu o nome ao prémio - aderiu desde muito jovem à Resistência e combateu no Exército dos Resistentes da região de Louvaina. Depois da Libertação do país, militou na Juventude Comunista belga e foi o representante do seu país à Federação Mundial da Juventude Democrática, da qual foi também presidente.
Nos anos 50/60, Vanderborght apoiou o Movimento Nacional Congolês de Patrice Lumumba e os seus contactos internacionais levaram-no a conhecer muitos representantes dos movimentos de libertação anticolonialistas, entre os quais Fidel Castro.
Em 1960, esteve na organização da primeira marcha contra os mísseis atómicos, que decorreu em Bruxelas, e fez parte do Movimento para a Paz da Bélgica.
No quadro do trabalho pela preservação da memória antifascista, foi responsável pelo Museu da Resistência Belga, em Bruxelas.
Michel Vanderborght foi eleito presidente da Federação Internacional dos Resistentes (FIR) em 2004 e, entre muitas actividades, esteve na origem do "Comboio da Liberdade", que reuniu mais de uma centena de jovens de vários países, que comemoraram com antigos prisioneiros o Dia da Libertação no campo de concentração de Buchenwald, em 2008. A delegação belga foi organizada pelo Instituto dos Veteranos - Instituto dos Inválidos de Guerra, Antigos Combatentes e Vítimas da Guerra.
Em Maio de 2012, realizou-se uma iniciativa semelhante, o "Comboio dos 1000", desta vez ao campo de extermínio de Auschwitz,
A juventude portuguesa participou nas duas reuniões internacionais, enviando uma pequena delegação em 2008, e uma expressiva comitiva de mais de cem jovens em 2012, sob a organização da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), membro da FIR.