artigo da responsabilidade da FIR - Fédération Internationale des Résistants- Newsletter 2019-37
Ao longo de várias semanas tem havido uma disputa política no sexto distrito de Praga sobre a estátua do marechal soviético Ivan Stepanovich Konev, que libertou Praga a 9 de Maio de 1945 enquanto comandante da 1ª Frente Ucraniana do Exército Vermelho.
Em anos recentes, este monumento tem sido repetidamente alvo de vandalismo anti-russo e anti-comunista. Pessoas desconhecidas mancharam a estátua várias vezes com tinta vermelha. No entanto, em vez de proteger eficazmente o monumento e de remover os grafitis, a própria administração do distrito reagiu com provocações.
Primeiro, recusaram limpar o monumento, depois cobriram-no com uma lona. O autarca do distrito, Ondrej Kolar, sugeriu que o monumento fosse removido e colocado nos campos da embaixada russa.
No início de Setembro, várias centenas de pessoas manifestaram-se pela protecção do monumento. Entre eles estavam representantes do Partido Comunista e do Partido Social Democrata, mas também Jiri Ovcacek, porta-voz do Presidente checo Milos Zeman, que declarou a barreira "absurda" e relembrou que Konev, enquanto comandante da 1ª Frente Ucraniana, foi também responsável pela libertação do campo de extermínio de Auschwitz a 27 de Janeiro de 1945.
Alguns dias atrás, até a filha do marechal soviético, Natalia Koneva, tomou a palavra. De acordo com a rádio checa, Koneva, chefe da Autoridade Russa para os memoriais de guerra, exigiu numa entrevista na televisão que a estátua pudesse ser levada para a Rússia. "Ivan Konev não fez nada aos checos, mas não existe nenhuma garantia que os vândalos vão deixar o monumento em paz". Ela também pode imaginar erguer o monumento na rua Marshal Konev em Moscovo. Por muito que esta proposta fosse compreendida em termos humanos, tal seria ceder perante o vandalismo na capital Checa e significaria a desecração da memória dos libertadores soviéticos.
Na quinta-feira, apesar dos protestos públicos, o Conselho do Município decidiu que a estátua do marechal Konev fosse entregue a um museu. O monumento será substituído por um memorial "para todos os libertadores de Praga" (quem seja o que isto signifique) dos ocupantes alemães.
O Presidente checo, Milos Zeman, chamou justamente a decisão do Conselho de "desgraça". "Esta é a nossa vergonha, porque, independentemente do homem que Konev pudesse ter sido, o monumento era um símbolo para os soldados soviéticos que morreram durante a libertação de Praga - e foram 13 000. Era também o símbolo de todos os soldados do Exército Vermelho que morreram durante a libertação da Checoslováquia, e foram cerca de 150 000", disse Zeman.
A FIR exige um fim a este tratamento indigno da memória do marechal Konev e da memória da luta libertadora do Exército Vermelho, agradecendo profundamente a todos os anti-fascistas checos, que se usam a si próprios para protecção e o recebimento deste monumento.