Mesmo quando surge na guerra, a partitura progressista e o canto passado de voz em voz são sempre Manifesto pela Paz. Como naquela Sinfonia n.º 7, "Leninegrado", de Chostakovitch, apresentada em 9 de Agosto de 1942, um dos 900 dias do cerco nazi à cidade do Báltico (pelos músicos da Orquestra da Rádio de Leninegrado a que se juntaram músicos militares).
Como no Quarteto Para o Fim dos Tempos, composto por Olivier Messian, prisioneiro do Campo de Concentração nazi de Görlitz. Como em cada uma das Canções Heróicas de Fernando Lopes-Graça, cantadas primeiro pelo Coro da Academia de Amadores de Música e, logo a seguir, pelas muitas vozes que, também cantando, lutavam pela democracia.
Há quem diga que a Arte, por si só, é incapaz de mudar o mundo. Não é, porém, dos objetos – sejam pintura, poema, escultura, melodia – a qualidade de serem exteriores à intenção de quem os produz e à compreensão de quem os percebe. Na verdade, não se pode ser contorno à revelia de quem o talhe e de quem o olhe; nem se é melodia sem haver quem a invente e quem a escute; e verso não se pode ser independentemente de quem o escreva e de quem o compreenda. Seja como for, quase todos os humanos revelam idênticas compreensões perante o bem e o mal.
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