Carlos do Carmo, um dos maiores nomes da música portuguesa contemporânea, em especial do fado, e uma voz na luta pela liberdade e pela construção de Abril, morreu dia 1 de Janeiro aos 81 anos no Hospital de Santa Maria em Lisboa, vítima de um aneurisma.
Cantou os principais poetas portugueses acompanhado por músicos da resistência, como Ary dos Santos, Nuno Júdice, Fernando Tordo, Paulo de Carvalho, António Victorino d´Almeida, Sérgio Godinho, Maria João Pires, Bernardo Sassetti, entre outros, foi galardoado com inúmeros prémios nacionais e internacionais, entre os quais o Grammy Latino de Carreira, em 2014.
Tinha pronto a sair, aquele que disse ser o seu último disco, “E Ainda?” com letras de José Saramago, Vasco Graça Moura, Herberto Helder, Sophia de Mello Breyner, Hélia Correia, Júlio Pomar e Jorge Palma.
Apoiou desde sempre a esquerda, nomeadamente o Partido Comunista Português, de que se dizia simpatizante, e afirmou que queria morrer como militante de esquerda. Participou também na Festa do Avante.
Como afirmou em entrevista de 2008 ao Diário de Notícias, na qual lamentou um certo mau tratamento após o 25 de Abril por parte de algumas pessoas, “a democracia era recente e a tomada de posições era mal interpretada. Mas as pessoas têm de tomar uma posição e eu tomei-a. Não terá sido de certeza a mais cómoda, a mais simpática (…) mas quanto mais me bateram, mais reforcei a minha posição. Sou um homem de esquerda e espero morrer assim”.
Com uma carreira de mais de 50 anos e muitas dezenas de álbuns editados, trabalhou para a consagração do fado como Património Imaterial da UNESCO.
O Frank Sinatra português, como lhe chamaram pela simpatia que nutria pelo cantor norte-americano e a voz e postura que tinha no palco, Carlos do Carmo, nascido a 21 de Dezembro de 1936, em Lisboa, era casado com Maria Judite Leal e tinha três filhos a quem a URAP endereça sentidas condolências.