A jurista Laura Lopes, resistente antifascista, fundadora do Movimento Democrático de Mulheres (MDM), defensora dos direitos das Mulheres e da Paz, com grande actividade antes e depois de Abril, morreu dia 30 de Junho, aos 100 anos.
Laura Vaz Lopes nasceu em Lisboa a 29 de Janeiro de 1923; integrou a Associação Feminina para a Paz de 1950 até ao seu encerramento pela PIDE em 1953. Professora na Escola Técnica de Emídio Navarro, em Almada, desde 1965, seria demitida um ano depois, por motivos políticos (subscrição da apresentação da candidatura da oposição democrática à Presidência da República do Prof. Ruy Luís Gomes e participação na campanha eleitoral). Em 1967 forma-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Exerceu a advocacia, na área do Direito Criminal e de Família; foi sócia da Associação Portuguesa dos Juristas Democratas; consultora jurídica no Ministério da Comunicação Social e no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do distrito de Lisboa; foi advogada de vários presos políticos.
Laura Lopes foi fundadora do MDM, desde 1986, sua dirigente e membro do Conselho Nacional desde o 1.º Congresso em 1980. O Conselho Nacional do MDM atribuiu-lhe a Distinção de Honra do MDM referente ao ano de 1997, que lhe foi entregue em 26 de Outubro desse ano na Sociedade Filarmónica Incrível Almadense.
Em Paris, onde viveu entre 1973 e 1974, aderiu à Comissão de Paz, que viria a tornar-se o Conselho Português para a Paz e Cooperação. Nesta organização, criou com outras três mulheres, a Comissão de Desarmamento do CPPC.
Membro do secretariado do Conselho Português para a Paz e Cooperação em 1973/76 e em 1976, passa a ser membro da Presidência do CPPC, cumprindo dois mandatos de direcção. Foi igualmente membro do Movimento Português dos Educadores para a Paz, desde o seu início em 1981.
Regressou a Portugal no 1º de Maio de 1974. A viver em Lisboa, terá um papel muito destacado na luta pela paz, pela justiça social e pelos direitos das mulheres. Publicou artigos em vários jornais e revistas, como a revista Modas e Bordados - na qual manteve, entre1972 e 1974, uma coluna sobre “A Mulher e a Lei” -, Vida Mundial, revista Mulheres, Diário de Lisboa entre outros.
A partir de 1973, teve uma actividade internacional muito intensa representando o MDM na Conferência de Mulheres para a Segurança e Cooperação na Europa, em Helsínquia, e em vários congressos, seminários e encontros.
Para além da sua actividade ligada à advocacia, Laura Lopes teve uma participação cívica e política na Assembleia de Freguesia da Penha de França entre 1979 e 1982.
Em 1978, pede a sua reintegração no ensino, reintegração que lhe foi concedida em Março de 1981. Durante alguns anos concilia a actividade da advocacia com a carreira docente. Leccionou diversas disciplinas em várias zonas do país, como Almada, Marinha Grande, Queluz e Lisboa.
A URAP presta homenagem à cidadã Laura Lopes, e envia à família e amigos as mais sentidas condolências.