"A Balada da Praia dos Cães", de José Fonseca e Costa, foi exibido dia 4 de Novembro no Fórum José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira, integrado no ciclo de cinema alusivo à resistência ao fascismo, organizado pelo núcleo da URAP do concelho da Moita em parceria com a União de Freguesias de Baixa da Banheira e Vale de Amoreira e a Câmara Municipal da Moita.
O filme, rodado em 1986, baseia-se no romance do mesmo nome da autoria de José Cardoso Pires. Passa-se em Portugal, no começo dos anos 60. A acção inicia-se nas dunas da praia do Guincho, onde um bando de cães vadios põe a descoberto o cadáver de um homem brutalmente assassinado. Foi identificado depois como sendo o corpo de um oficial do exército procurado pela polícia política, que escapara do Forte de Elvas na companhia de dois camaradas, com a ajuda de uma misteriosa mulher.
Perante cerca de 50 pessoas, José Pedro Soares, ex-preso político e da direcção da URAP, fez a intervenção antes da exibição do filme. Na mesa encontrava-se ainda Diamantino Cabrita, do núcleo da Moita.
José Fonseca e Costa, que morreu em 2015 aos 82 anos de idade, foi um dos realizadores portugueses de maior prestígio. Antifascista, foi preso e perseguido pela PIDE e teve de se exilar em 1961. Fixando-se em Itália, foi assistente estagiário do famoso realizador Michelangelo Antonioni, na longa-metragem “O Eclipse”.
Tem uma vasta obra cinematográfica e como realizador do Cinema Novo, participou no filme colectivo do pós-25 de Abril, “As Armas e o Povo” (1975), uma colagem de imagens recolhidas entre os dias 25 de Abril e 1 de maio de 1974. Em “Os Demónios de Alcácer Kibir” (1975) junta uma abordagem do colonialismo português com o ambiente colectivista do Alentejo, voltando ao tema da descolonização no documentário “Independência de Angola – os Acordos de Alvor, o Governo de Transição”, em 1977.
A 9 de Junho de 1995 foi-lhe atribuído a Ordem do Infante D. Henrique - Grande-Oficial.
O ciclo de cinema prossegue no próximo dia 10 de Novembro, com a exibição do filme “Outro País”, um documentário realizado e escrito por Sérgio Tréfaut de 2015.


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