António Rodrigues Canelas, antigo operário e mais tarde licenciado em História, ex-preso político e deputado constituinte do grupo parlamentar do PCP, morreu hoje aos 91 anos em Torres Novas.
Filho de António Eduardo Gonçalves e de Gensiana, António Rodrigues Canelas nasceu a 29 de Janeiro de 1931 na freguesia de S. Pedro, Concelho de Torres Novas. Em 1948/49 adere ao MUD Juvenil com Francisco Canais Rocha, José Maria Salgueiro, Eduardo Martins Franco, Manuel Luís Barbosa, António Santo, entre outros.
Em 1952, é preso ao executar uma colagem, juntamente com António Santo, pela PSP e entregue à PIDE. Esteve encarcerado 13 meses - dois meses no Aljube e 11 meses em Caxias. Foi julgado no Tribunal Plenário de Lisboa, pelo célebre Juiz “Mesquita”, e condenado a três meses de prisão correccional e a uma multa de 300 escudos. Como já tinha 13 meses de cadeia, saiu em liberdade nesse dia, pagando depois a multa.
António Rodrigues Canelas fez parte do organismo de apoio à candidatura à Presidência da República de Arlindo Vicente e, mais tarde, de Humberto Delgado. Em 1958, integrou as Juntas de Acção Patriótica, criadas nesse mesmo ano, sendo um dos responsáveis pelo Norte do Ribatejo.
Em 1962, é preso novamente pela PIDE. Nos 10 anos que medeiam as prisões, aderiu ao Partido Comunista Português (1952). Fez parte da organização local, foi responsável pela ligação às colectividades locais, Cineclube, “Raiar da Aurora” (Clube de Campismo) e Montepio Nossa Senhora da Nazaré, onde mantém uma muito intensa actividade associativa.
Nesta segunda prisão foi companheiro de cárcere de Arlindo Vicente, Humberto Lopes, António Canais (Toneca), Francisco Canais (seu irmão gémeo), António Maia, Manuel Gomes (Boniné), José Manteiga, Fernando Emídio, António Emídio, Dâmaso Sineiro (Bananas), Joaquim Canais Rocha e muitos outros. Fez parte dos organismos internos de resistência na cadeia, entre os quais se destaca um organismo de preparação de fugas.
A partir de 1974, trabalhou na reorganização local do Partido e da Comissão Concelhia do Partido, na qual se mantém durante largos anos. Em 1975, é candidato à Assembleia Constituinte, em substituição de um camarada, António Abalada,ficando até à votação e aprovação da Constituição, por si assinada enquanto deputado do Partido Comunista Português.
António Rodrigues Canelas começou a trabalhar aos 14 anos, em 1945, numa oficina mecânica, como aprendiz de torneiro mecânico. Um dos seus primeiros salários foi 5 escudos semanais. O primeiro trabalho foi pintar as estruturas inferiores de um carrocel. Dois anos depois exerce a profissão de torneiro mecânico.
Entretanto, faz os estudos liceais e em 1970 inscreve-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, licenciando-se em História Medieval. Foi durante algum tempo professor de História na ES Maria Lamas, de Torres Novas.
A URAP apresenta sentidas condolências ao seu neto Francisco Canelas, membro do Conselho Directivo da URAP, e a toda a família de António Rodrigues Canelas.


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