Decorreram no Porto, no dia 29, as primeiras iniciativas integradas na rota da Tocha da Liberdade e da Paz a assinalar 70 anos do fim da II Grande Guerra.
Na Escola Secundária de Gondomar, onde se encontra exposta a exposição da URAP, teve lugar uma aula especial de história para duas turmas do 12º ano, cerca de 40 alunos.
Depois de terem visionado filmes, designadamente, a reportagem sobre "O comboio dos Mil" que em 2012 levou cerca de 1000 jovens, entre os quais uma centena de portugueses, numa visita a Auschwitz, aqueles alunos seguiram com enorme interesse e atenção as intervenções de Celestina Leão da URAP, da professora Fátima Silva e o testemunho muito emocionado de Alexandre Almeida que com 8 anos sofreu as agruras da fome (" comíamos ervas") e da violência policial da"neutralidade" salazarista na guerra.
Intervenções que para além dos factos históricos mais ou menos conhecidos fizeram ligação com a realidade dos perigos do mundo de hoje que reclamam uma atitude dos jovens contra a indiferença e a passividade, para que nunca mais aconteça nazi-fascismo.
A tarde chuvosa não ajudou a mobilização para o acto simbólico da recepção e acendimento da Tocha na Praça da Liberdade. Mesmo assim a chama da Tocha ardeu, ouviram-se canções e músicas da luta e da resistência nacional e internacional contra a guerra e o fascismo, os poemas de Armindo Rodrigues, Papiniano Carlos e Bertolt Brecht bem declamados pela actriz Inês Leite e uma curta intervenção de Ilda Marques, da URAP, que referiu as razões do empenhamento da URAP na celebração da Vitória, na evocação dos horrores da guerra, mas também na heroicidade de quem resistiu e lutou.
Finalmente, no salão do Clube dos Fenianos Portuenses, decorreu a Sessão evocativa, com uma participação de cerca de 70 pessoas. Na mesa, César Príncipe lembrando a multidão que também no Porto, a 9 de Maio de 1945, aclamou o fim da guerra, homenageou o Exército Vermelho, os combatentes, o povo da URSS, quase sempre a parte esquecida desta guerra, a sua contribuição determinante para a derrota dos exércitos hitlerianos. Viale Moutinho, escritor, trouxe à sessão elementos fundamentais sobre a história daqueles anos, a complacência e as responsabilidades dos governos burgueses da França, Inglaterra e EUA nos avanço nazis, o papel fundamental dos comunistas, da resistência para em cada um dos países ocupados, com actos de enorme heroicidade, vencerem o medo e a besta nazi.
A encerrar, a coordenadora nacional da URAP depois de remeter para a terrível actualidade que nos cerca e os elementos em comum com o ascenso, nos anos 30, do fascismo na Europa, designadamente a grave crise social, deu um breve panorama do contributo da URAP, na defesa dos valores fundamentais da liberdade, dos direitos, da preservação da memória da luta anti-fascista, contra o branqueamento e deturpação da história, em ações como a que desenvolveu contra o Museu de Salazar.