O Padre Mário de Oliveira, conhecido como o Padre Mário da Lixa, que se distinguiu na luta anticolonial e na resistência antifascista - preso duas vezes pela PIDE em Caxias e julgado por subversão -, morreu hoje, dia 24 de Fevereiro, no Hospital de Penafiel, aos 84 anos.
O antigo pároco de Macieira da Lixa, em Felgueiras, nasceu a 8 de Março de 1937 na Lourosa, Santa Maria da Feira, e encontrava-se internado nos cuidados intensivos desde 27 de Janeiro quando sofreu um acidente de automóvel.
Enviado para a Guiné-Bissau como capelão das tropas portuguesas, depois da sua ordenação como padre, em 1962, e de leccionar em liceus do Porto, foi expulso daquela colónia por afirmar estar ali para “pregar o Evangelho da Paz aos que lá faziam a Guerra Colonial”.
Em Março de 1973, por decisão do Bispo António Ferreira Gomes, foi colocado na situação de “sem ofício pastoral oficial”, ou seja proibido de exercer o sacerdócio.
Mário de Oliveira torna-se jornalista e trabalha nos jornais República, Página Um, Aqui e Correio do Minho. Até ao fim da vida será director do jornal “Fraternizar” e integrará a Associação Cultural e Recreativa “As Formigas da Macieira”, de Macieira da Lixa, onde criará o Barracão de Cultura, um projecto de dinamização cultural, social e cívica.
Autor de 52 livros, com destaque para “Fátima, nunca mais”, de 1999, no qual afirma as aparições de Fátima como um mito, e critica a hierarquia da Igreja por ter abusado psicologicamente das três crianças que as contaram. O seu último livro, "Do mítico Cristo-da-Fé ao Jesus Pré-Histórico", foi publicado em 2021.
Defensor de causas polémicas, como a descriminalização do aborto em Portugal, pertence à comunidade “Grão de Trigo” que vive junto do “povo marginalizado de São Pedro da Cova” e funda a Associação Padre Maximino.
O Padre Mário desenvolveu igualmente acções de solidariedade para com os povos da América Latina durante as ditaduras.