O produtor e cineclubista Henrique Espírito Santo, antifascista e sócio da URAP, um dos protagonistas da renovação do cinema português dos anos 60 e 70, morreu dia 19 de Janeiro aos 87 anos.
Segundo a família, os amigos poderão prestar a última homenagem a Henrique Espírito Santo entre as 11:15 e as 11:30 de terça-feira no crematório do Cemitério dos Olivais. O corpo vai estar na casa mortuária do Hospital São Francisco Xavier a partir das 10:00 de terça-feira.
Henrique Espírito Santo, nasceu em Queluz, em 1931, e foi, segundo a Cinemateca, "cineclubista de formação, antifascista militante por convicção, director de produção e produtor de profissão e, ´last but not the least´, formador de toda uma geração de profissionais de cinema na área da produção".
Foi igualmente crítico de cinema, professor na Escola de Cinema do Conservatório Nacional, director de produção do Centro Português de Cinema, formador e actor, participou, com José Fonseca e Costa, no movimento cineclubista, tendo ambos feito parte da mesma direcção do Cine-Clube Imagem, e sido presos pela PIDE, acusados de "actividades subversivas". Conduzidos ao Aljube, em trânsito para Caxias, onde Henrique Espírito Santo estaria um ano e meio.
Egas Branco escreveu no blogue "Na Cidade Branca", a propósito da homenagem que lhe foi prestada pela Cinemateca em 24 de Março de 2016: "Dirigente cineclubista nos anos de chumbo do fascismo e depois, ainda antes que a liberdade fosse conquistada, produtor de cinema e depois nos anos da liberdade que se seguiram ao 25 de Abril. Decano dos produtores de cinema no nosso país e responsável por alguns dos melhores filmes que cá se fizeram. Uma vida dedicada à luta por um Mundo mais justo e fraterno".
"(...) Mas o fascismo não os conseguiu destruir ou amedrontar e ambos participaram nos primeiros projectos de José Fonseca e Costa no cinema, nomeadamente na curta-metragem "Regresso à Terra do Sol", realizada em Angola (1967), de onde o realizador é natural, e da longa-metragem "O Recado" (1971), nas quais Henrique Espírito Santo foi o Director de Produção".
O nome de Henrique Espírito Santo está associado à produção de "A Promessa", de António de Macedo, que entrou na selecção oficial do Festival de Cannes, em 1973, de "Jaime", de António Reis, pioneiro do documentarismo em Portugal, "Benilde ou a Virgem Mãe" e "Amor de Perdição", de Manoel de Oliveira, entre mais de duas dezenas de filmes.
Em 2014, Henrique Espírito Santo, militante do PCP, foi homenageado pela Academia Portuguesa de Cinema nos Prémio Sophia, onde recordou que os cineclubes "foram um grande movimento cultural de massas que muito incomodou a PIDE e o fascismo".
Em 2017, o cineasta Miguel Cardoso realizou um documentário biográfico que traça o longo percurso de Henrique Espírito Santo no cinema português: "Até Amanhã, Henrique!"
A URAP apresenta sentidas condolências à família e aos amigos de Henrique Espírito Santo.