História
A URAP esteve presente no encontro internacional de juventude, no campo de concentração de Buchenwald, por ocasião do 63º aniversário da sua auto-libertação. Para mais textos consulte-se História.
Particularizando a minuciosidade da barbárie nazi, para além dos crimes cometidos nos Campos de Detenção, Trânsito, Trabalho Forçado, Concentração e Extermínio do nazismo na Europa, há que também não esquecer todo um conjunto de acções perpetradas pelo poder do III Reich.
Na verdade, foram diversos os crimes do nazismo e do fascismo na Europa e no Mundo. Os conceitos de racismo, xenofobia, eugenia e pureza racial foram apresentados como justificativos dos projectos hediondos do Estado nazi na Alemanha.
Assim, entre 1933 e 1945, foram prosseguidas diversas iniciativas direccionadas para cada um dos grupos que os nazis consideravam ameaçadores para os seus intentos. Desde logo o próprio tratamento dado às comunidades dos países ocupados comportava todo o tipo de desumanidades, onde estavam incluídos os judeus, as testemunhas de Jeová, os ciganos, os eslavos (povos soviéticos, polacos, checos) os homossexuais, os deficientes físicos e mentais, os mendigos e os considerados como desadaptados sociais.
Assim, tornaram-se comuns a perseguição, o tratamento alvitrante e humilhante, o isolamento em guetos, tendo como alvos principais os judeus, mas também ciganos e outras minorias étnicas. Mas também para com as pessoas com deficiência física ou mental, já que entre 1939 e 1941, os nazis promoveram a morte de mais de 250 000 indivíduos com deficiência na Alemanha e nos países ocupados, ao mesmo tempo que foram difundidos programas de esterilização em massa, superando os 400 000 indivíduos assassinados desta forma. A morte por injecção letal, por inalação de gás tóxico que haveria de ser uma realidade nos Campos de Concentração e Extermínio sobretudo após 1942 foi antecipada neste casos para a população com necessidades especiais, incluindo crianças e idosos.
No caso dos judeus, os números apontam para a morte de 6 milhões de indivíduos crentes no judaísmo, correspondendo à eliminação de mais de 70% da população judia da Grécia, Jugoslávia, Hungria, Lituânia, Boémia, Holanda, Eslováquia e Letónia. No caso dos judeus da Estónia, Noruega, Luxemburgo, Bélgica e Roménia os nazis foram responsáveis pela morte de metade dessas comunidades nesses países, sendo que no caso das União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi eliminado um terço do total dos judeus da sua população, sendo que em França e na Itália esse número alcançou um quarto do total dos judeus naturais desses países.
Aquando da invasão da Polónia em 1939, os polacos sofreram a perseguição massiva dos oficiais nazis, que resultou num total de 3 milhões de mortes de crentes cristãos daquele país e 3 milhões de mortos entre os judeus.
Já entre os soviéticos, as mortes ocorreram em perseguições a populações civis das regiões ocidentais da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (Rússia, Ucrânia, Bielorrússia) tal como no encarceramento de soldados, o que superou o total de 3 milhões de prisioneiros de guerra e civis mortos durante os meses entre 1941 e 1942, sendo que até ao final da II Guerra Mundial haveriam de ser executados cerca de 500 000 nos Campos de Concentração nazis.
Por outro lado, e tendo em conta o total de ciganos residentes sobretudo na Europa Oriental, a barbaridade do morticínio dos nazis executada perante esta etnia foi particularmente incisiva, já que foram assassinados mais de 220 000 membros desta comunidade étnica, o que representou a eliminação entre um quarto e metade do total de ciganos residentes nos países ocupados, sobretudo no leste europeu. Quer por fuzilamento, quer por extermínio em câmaras de gás nos Campos de Auschwitz (Polónia) e Treblinka (Checoslováquia) os nazis cometeram mais este crime hediondo.
Cumpre igualmente referir quer os prisioneiros de guerra dos contingentes coloniais do Exército francês em 1940, as minorias de africanos e de asiáticos residentes na Alemanha foram igualmente sentenciados pelos nazis.
Também o critério político foi motivação para o extermínio por parte dos nazis, sendo os comunistas os principais alvos da perseguição do regime nazi, acompanhados pelos social-democratas, sindicalistas, e outros democratas e cidadãos sem filiação política ou sindical que se opuseram à imposição do poder do III Reich. O Campo de Dachau recebeu os primeiros prisioneiros políticos ainda em 1933, sendo que Hitler deu ordens expressas para que fosse dada prioridade de execução aos comissários militares do Exército vermelho e a todos os militantes comunistas alemães e dos países ocupados.
Também os maçons foram perseguidos e detidos, sendo que neste caso o morticínio nazi foi responsável por mais de 80 000 mortes nos países ocupados. Também todos os estrangeiros, sobretudo diplomatas, de países conotados com os Aliados (como a China ou o México) ou todos os exilados em França e que tinham relações ou haviam combatido na defesa da II República Espanhola na Guerra Civil de Espanha (1936-1939) foram também detidos em Campos de Concentração e muitos foram também executados.
No caso das confissões religiosas e para além da perseguição aos judeus, os nazis detiveram e assassinaram mais de 2000 testemunhas de Jeová, tal como membros do clero católico de países como a Polónia, ou então como no caso da Holanda, quando se erguia a oposição, o protesto e a resistência à deportação de judeus nessas comunidades. A histeria torcionária nazi chegou mesmo a assassinar arbitrariamente por condenação sumária à morte qualquer civil que se suspeitasse auxiliar judeus ou resistentes à ocupação nazi, como ocorreu na ocupação da Polónia.
Há que ainda não esquecer os indivíduos considerados à margem da sociedade como as prostitutas, os mendigos, os alcoólicos, os dependentes de drogas, os pacifistas, os objectores de consciência e os delinquentes comuns que foram também perseguidos, internados em Campos nazis e muitos executados.
Para além deste rol infindável de crimes cometidos pelo regime nazi, foram também promovidas experiências médicas nos prisioneiros detidos, após acordos entre os grupos industriais farmacêuticos alemães, o Exército alemão, as SS (Schutzstaffel) e representantes do Governo nazi. Sem qualquer preocupação com as vidas humanas em causa, foram submetidos a testes prisioneiros nos Campos de Concentração face a vírus e bactérias portadores do tifo, febre-amarela, varíola, cólera, difteria ou simplesmente procurando a sua reacção a diferentes hormonas sexuais.
Outro tipo de experiências consistia na variação brusca do teor calórico dos componentes alimentares possibilitados aos prisioneiros dos Campos de Concentração, o que de forma repetida causava a morte aos presos.
Também a exposição a condições inumanas em áreas dos Campos sem qualquer acesso a cuidados médicos, alimentação ou água potável causou a morte a muitos prisioneiros, tal como a sua utilização no trabalho forçado e sob perigo constante da sua integridade física.
Esta é apenas uma nota muito sintética quanto ao teor hediondo, brutal e criminoso da política prosseguida pelo nazismo entre 1933-1945. Política que foi seguida pelos seus aliados fascistas italiano e japonês e que só pôde ser derrotada pela abnegação dos civis e militares que se opuseram a essa barbárie durante a II Guerra Mundial.
David Pereira