Intervenção de Marília Villaverde Cabral, coordenadora da URAP, no encerramento da Assembleia Geral da URAP de 4 de Fevereiro de 2012

Amigos,

Estamos quase a encerrar mais uma Assembleia-geral da URAP em que aprovámos o Relatório de Actividades, bem como as contas referentes ao ano de 2011.

Pelas intervenções aqui proferidas, ficámos com uma ideia das iniciativas que realizámos. Iniciativas que lembraram o que foram os 48 anos do regime fascista e lembraram também factos importantes da Resistência. Homenageámos democratas, contribuindo para a reposição da verdade histórica que, infelizmente, muitos querem ocultar.

Neste ano temos de continuar a luta contra o branqueamento do fascismo no nosso país e esforçar-nos cada vez mais para dar a conhecer às novas gerações, a história heróica da Resistência.

A viagem do comboio dos 1.000, de que a Ana nos falou, iniciativa que muito honra e prestigia a URAP, vai proporcionar-nos inúmeros contactos com jovens estudantes e professores de Escolas, em cujos programas se omite esta parte da História e abre-nos, por isso, um campo de divulgação sobre as prisões, as torturas, as fugas fantásticas para continuar a luta, como nos fala Jaime Serra no seu livro. Da possibilidade de passarmos filmes como o "48" ou o "Segredo", onde Dias Lourenço nos conta a sua fuga da Fortaleza de Peniche, que demonstrará aos jovens como a realidade dos que lutaram pela liberdade e por um Portugal melhor, supera as histórias dos seus heróis de ficção.

Temos fortalecido os contactos com a FIR, o que nos tem proporcionado, estar a par das tomadas de posição DE organizações democráticas contra decisões de governos de direita e extrema direita que enaltecem actos praticados por movimentos fascistas e neonazis, ao mesmo tempo que vão coarctando as liberdades e os direitos dos seus povos. São preocupantes as notícias que nos chegam de toda a Europa. Notícias que, infelizmente, também fazem eco em Portugal.

A viagem às cidades de Espanha onde se deram batalhas importantes da Guerra Civil e que estamos a fazer todos os esforços para a concretizar, é também um contributo da URAP para dar a conhecer aspectos de uma guerra que se passou mesmo aqui ao lado e que a maioria dos portugueses desconhece: que para além do apoio de Mussolini, de Hitler a Franco e aos generais fascistas que se sublevaram contra a República de Espanha, também Salazar lhe deu todo o apoio não só logístico como diplomático e incorporadas nas tropas franquistas, alemãs, italianas, contavam-se mais de 20.000 militares portugueses. Mas muitos desconhecem também que entre os internacionalistas de 50 países que acorreram a ajudar a Frente Popular, às Brigadas Internacionais, também se juntaram portugueses, uns que já viviam e trabalhavam em Espanha e outros que partiram de Portugal para combater ao lado dos jovens que de toda a parte do Mundo quiseram ir ajudar a jovem República Espanhola.


Amigos,

Precisamos de uma URAP ainda mais actuante e, para isso, os núcleos são fundamentais para conseguirmos estender a nossa actividade em defesa da Democracia e da nossa Constituição. Este ano temos de dar a esse trabalho uma atenção muito especial.

Os tempos que se aproximam ainda são mais negros do que os da nossa última Assembleia-geral.

Na vertente da democracia política, aumenta cada vez mais a subordinação do poder político ao poder económico, num desrespeito total pela Constituição.

Li, há dias, um artigo do economista Eugénio Rosa que dizia que a "terapia de choque" que está a ser aplicada em Portugal pela "troika estrangeira" com a conivência e participação activa do Governo, é muito semelhante à que foi aplicada no Chile de Pinochet e em vários países da América Latina e do Leste Europeu pelo FMI e que se baseia nos quatro credos ultraliberais: desregulamentar, liberalizar, privatizar tudo, acompanhado por cortes brutais nas despesas sociais e investimento público.

É de facto o ataque a tudo o que conseguimos com o 25 de Abril: na Saúde, o ataque ao S.N.S, transformando a saúde num negócio. No Ensino, privatizando, conduzindo-o a uma situação de ruptura financeira e tornando-o cada vez mais elitista. Nas Leis do Trabalho, recuando até aos anos de triste memória. No Poder Local, descaracterizando, o que foi também uma grande conquista da nossa Revolução.

Os direitos dos cidadãos estão a transformar-se, progressivamente, em dádivas aos pobres, colocando quem as recebe numa situação subalterna e agradecida. Esta política está a levar o nosso país a uma situação insustentável. A crise, económica e financeira, nacional e internacional está a ser aproveitada para conseguir aquilo que o capital há muito tenta conseguir, ferindo mesmo aspectos referidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem. Por isso, o Conselho Directivo, congratula-se com a oportuna decisão do Conselho Nacional, de que nos falou Aurélio Santos.

Mas há quem resista, há quem não desanime perante esta ofensiva brutal e até desumana:

No fim-de-semana passado, deu-se um acontecimento de grande importância para os trabalhadores portugueses: O Congresso da CGTP, a Central Sindical que não se rendeu ao governo e ao patronato, não traindo os trabalhadores. Deste Congresso, mais uma vez foi reafirmada a intenção de continuar a luta contra esta ofensiva brutal e reafirmado o apelo à participação de todos na MANIFESTAÇÃO DE 11 DE FEVEREIRO.

A URAP far-se-á representar e apelamos a todos os sócios para que participem.

Perante esta situação que se vive no nosso País, necessitamos de uma URAP que também esteja atenta aos ataques às liberdades que têm uma ligação directa com a ofensiva económica e social em curso. Temos essa responsabilidade.

O núcleo de antifascistas - de que fazia parte o nosso Presidente da Assembleia-geral, Dr. Levy Baptista - decidiu, ao encerrar os trabalhos da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, criar a URAP. A sua experiência de vida e de luta dizia-lhes que uma Organização como a URAP seria necessária. Que os inimigos da liberdade e da democracia não desarmam.

Esta URAP é, pois, uma herança muito importante que nos deixaram e é para nós uma grande responsabilidade.

Mas com o nosso trabalho e com a ajuda de todos os nossos companheiros, vamos honrar este legado por que estes homens e estas mulheres tanto lutaram.


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Contribuição de Aurélio Santos

para a homenagem a José Morgado em 17 de Dezembro de 2011, Pegarinhos

(lido por Celestina Leão)

 

Foi nesta aldeia de Pegarinhos (a capital do universo como, com graça e orgulho, lhe chamava) que a 17 de Fevereiro de 1921 nasceu José Cardoso Morgado Júnior. Único filho de um casal de pequenos proprietários, foi na escola da aldeia que fez a instrução primária. Os dois primeiros anos de liceu foram feitos em Favaios, onde relevou a sua espantosa e invulgar inteligência. Foi o olhar atento e a generosidade de alguns professores que permitiu que José Morgado continuasse a estudar porque a mãe, já então viúva, não tinha condições económicas para custear a continuação dos estudos do filho que para o efeito teria de ir para Vila Real a 60 km de distância.

Também ali o jovem continuou a revelar-se um aluno brilhante tendo terminado o liceu com a nota máxima.

A suspensão do ingresso nas Escolas do Magistério Primário fez com que José Morgado não pudesse realizar o seu sonho de menino: ser professor primário. Assim, rumou para o Porto onde tirou a curso de ciências matemáticas na Faculdade de Ciências do Porto e onde foi aluno do Prof. Ruy Luís Gomes de quem se viria a tornar grande amigo. Inicia a sua carreira de professor de liceu e dois anos mais tarde, apenas com 24 anos ingressa como assistente do Instituto Superior de Agronomia de Lisboa. Mas a primeira fase da vida de José Morgado como professor universitário revelou-se bem curta. Por razões politicas, uma deliberação do Conselho de Ministros em 1947, exonera-o das funções, afastando-o do ensino bem como a um grande grupo de outros cientistas portugueses, entre os quais Crabbé Rocha, Manuel Valadares e Francisco Pulido Valente.

Recorde-se que estamos a falar da chamada geração cientifica dos anos 40, e do surgimento de um grande movimento matemático, que pretendia romper o isolamento cientifico em que Portugal estava mergulhado e que teria sido promissor se não fossem as investidas da ditadura fascista.

José Morgado que se viria a revelar mais tarde, no Brasil, um ilustre professor, reconhecido internacionalmente vê-se obrigado a sobreviver de explicações.

Mas a sua verticalidade não o faz vacilar. José Morgado vivia entre duas paixões - a matemática e a luta pela instauração de um regime democrático em Portugal e não hesitou em hipotecar a sua carreira de professor para hastear bem alto a bandeira da luta do nosso povo pela liberdade.


Quando em Março de 1949 é criado o Movimento Nacional Democrático, José Morgado surge, juntamente com o Prof. Ruy Luís Gomes, com a Eng.ª Virgínia de Moura e com a escritora Maria Lamas, entre outros, como membro da sua Comissão Central.


E não é de mais aqui lembrar o importante papel desenvolvido por o MND na política de unidade antifascista, tentando abrir caminho ao derrube do regime, precisamente num momento de particular endurecimento da repressão e de grande perseguição aos democratas. Era a contra-ofensiva de Salazar e do «Estado Novo» à primeira crise sofrida por este regime em consequência do grande movimento da oposição surgido em Portugal após a derrota da Alemanha de Hitler.

 

Num gesto de inegável coragem, apesar das dificuldades do momento que se vivia, mas reconhecendo a primordial importância da unidade dos democratas e a necessidade de continuar a assumir a denúncia do regime, o MND publica documentos sobre as prisões ilegais, sobre a selvajaria e brutalidade da PIDE, sobre a corrupção financeira existente nosso país, sobre as farsas eleitorais, etc. etc.

 

É um destes documentos «pacto de Paz não de agressão» que será a base de acusação para a prisão de José Morgado em 17 de Dezembro de 1949.


É na prisão que escreve uma das suas primeiras obras de matemática sem recurso a qualquer suporte bibliotecário que lhe é vedado.

 

Como membro do MND apoia activamente a candidatura do Prof. Ruy Luís Gomes à Presidência da República em 1951


Em 1960 impossibilitado de trabalhar em Portugal parte para o Brasil.


O seu trabalho como Prof. na Universidade de Pernambuco, bem como de outros matemáticos portugueses que por ali passaram contribuiu decisivamente para que esta faculdade tenha sido considerada por muitos como a melhor faculdade de matemática da América latina.


Apesar de longe continuou a preocupar-se com a futuro da matemática em Portugal, continuando como redactor da Gazeta Matemática e sobretudo a preocupar-se com a situação politica, não deixando, sempre que a oportunidade o permitia, de denunciar o que se passava no nosso país. Em 1965, em conjunto com o Prof. Ruy Luís Gomes endereça uma carta ao Secretário da Nações Unidas solicitando que esta organização intime os Governos de Franco e Salazar a prestar contas á opinião mundial sobre o desaparecimento do General Humberto Delgado. Em 1968 assina uma carta aberta dirigida ao Cardeal Cerejeira, em que lhe são feitas duras e justas acusações das conivências do cardeal com os crimes do Estado Novo. Em 1969 remete em conjunto com o Prof. Ruy Luís Gomes uma saudação ao II Congresso Republicano de Aveiro.


Mas, José Morgado não se preocupou exclusivamente com a situação politica do seu país, tomando posição pública sobre questões da América Latina. Recorde-se aqui a posição pública condenando a invasão de Granada publicada sob a forma de publicidade em 1983. no Jornal de Notícias.


O seu sonho no exílio realiza-se com o 25 de Abril. Regressa ao seu país, não sem primeiro cumprir as obrigações para com a faculdade onde trabalhava. Já entre nós retoma a carreira docente.


Nunca se escusou, indiferente às consequências que daí lhe podiam advir, de tomar posição sobre questões que considerava importantes, como o apoio público à Reforma Agrária, e o problema dos salários em atrasos. Saliente-se a extraordinária lucidez de análise política que encontramos no texto «Vasco Gonçalves e a recuperação capitalista».



Nunca saberemos se foi destas serras e destes montes que lhe serviram de berço que arrancou a frontalidade e a coragem que lhe conhecemos, nunca saberemos se foi na precisão dos números da sua querida matemática que se forjaram a rectidão de carácter e a firmeza de princípios que o caracterizaram. Talvez tenha sido tão simplesmente um profundo amor pelas gentes simples desta aldeia que o viu crescer, que lhe inculcou esse grande amor pela Humanidade que revelou ao longo de toda a sua vida, e que o levaram a impor a si próprio uma luta incessante pela Democracia, pela Paz e pela Liberdade.


Mas, frágil é a homenagem que se fica pelas palavras. Homenagear um homem como José Morgado é, seguir-lhe os passos, hastear a sua bandeira, lutar pelas suas causas.

Há seis décadas o MND e José Morgado através deste, diziam-nos «...assegurada a participação do Povo na vida política nacional pode-se encarar de frente a resolução de todos os problemas económicos e sociais».


Seis décadas que mudaram o rosto deste país mas não retiraram a validade da ideia então proferida - as crises, sejam elas quais forem, venham elas de onde vierem, não se podem resolver sem o Povo, e muito menos contra o Povo. Cabe-nos a nós não nos deixarmos excluir, cabe-nos a nós exigir decidir do nosso próprio destino


Por isso viemos hoje aqui para te dizermos: - vivem-se de novo tempos difíceis, tempos em que o medo espreita e a incerteza assusta, mas não desistiremos de defraudar ao vento a tua bandeira, a bandeira da Democracia da Liberdade e da Paz. Não desistiremos de caminhar pela estrada que tu ajudaste a abrir.


Obrigado José Morgado.

Print Friendly, PDF & Email

logo_fir.jpgA Federação Internacional de Resistentes - Associação Antifascista (FIR), constituída pelas organizações de veteranos da luta contra o nazismo e dos antifascistas do presente da Europa e Israel, tomou conhecimento dos dramáticos acontecimentos em Oslo e na ilha de Utoya lamentando as perdas de vidas humanas e condenando este morticínio. O centro da capital norueguesa foi palco de um atentado bombista enquanto jovens indefesos reunidos num acampamento de Verão foram vítimas de um massacre horrendo, quando a organização de juventude social-democrata promovia os ideais da convivência pacífica por um mundo mais justo.

Aproximadamente 80 pessoas foram mortas, mas o assassino acredita poder justificar o seu acto com o ódio racial, a perseguição aos crentes islâmicos e o conceito da raça superior. Durante muitos anos foi um elemento activo nas fileiras da extrema-direita populista e os círculos do fundamentalismo cristão. Exactamente antes do ataque publicou na Internet um documento de 1500 páginas pleno de ideologia racista e de hostilidade geral.

Pela primeira vez neste século na Europa assiste-se aos efeitos violentamente dramáticos do racismo e da extrema-direita. O racismo mata mesmo na realidade, e não apenas como teoria, mas assumindo-se na sua vertente mais extrema.

Expressamos as nossas mais sentidas condolências às famílias das vítimas e todos aqueles que foram afectados por esta tragédia.

Expressamos igualmente a nossa solidariedade a todo o povo norueguês e apelamos ao governo dirigido pelo primeiro-ministro Jens Stoltenberg que prossiga os esforços para preservar as características de uma Noruega democrática e aberta como até aqui se manteve.

A FIR e as suas organizações membro continuarão a sua actividade da construção de um mundo pacífico sem racismo, sem lugar à violência e à intolerância religiosa e pela democracia e justiça social. Esta é a melhor resposta a actos isolados de violência e terror como se constatou na Noruega.

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Intervenção Marília Villaverde na romagem ao mausoléu dos tarrafalistas no Alto de S. João

19 de Março e 2011

 

Amigos,


Agradecemos a vossa presença e permitam-me que destaque a presença do nosso companheiro tarrafalista José Barata, o que muito nos honra e nos enche de alegria.

 

Estamos a terminar esta Homenagem e outra Jornada nos espera para continuarmos a luta para que o nosso Povo, agora em liberdade, não veja ainda mais defraudadas as esperanças que o 25 de Abril  trouxe.


Amigos

 

Esta homenagem nunca foi para a URAP uma efeméride de calendário. Fazemo-la todos os anos, porque temos esse dever. Porque é preciso combater o esquecimento do que foi o fascismo e do  que foi a Resistência. O grande combatente  Francisco Miguel, o último preso português a sair do Campo de Concentração do Tarrafal, deixou-nos este apelo:


Antifascista, democrata, homem progressista: quando pensares nos direitos da pessoa humana não esqueças o Tarrafal. Se queres defender a liberdade, construir e consolidar a verdadeira democracia, faz alguma coisa para que o fascismo não possa voltar mais à terra portuguesa".


Vivia-se o ano de 1936. Em Espanha, irrompia a Guerra Civil. Em Portugal, Marinheiros do navio Afonso de Albuquerque, solidários com os republicanos recusaram-se a desembarcar em portos franquistas. Considerados perigosos revoltosos, foram presos e expulsos da Armada. Mas os Marinheiros não ficaram parados e levantaram-se contra aquelas prisões e expulsões da Marinha  de Guerra e também contra o apoio que Salazar prestava a Franco. A revolta foi sufocada de uma forma violentíssima: bombardearam os navios, prenderam os revoltosos e condenaram-nos a pesadas penas. Este Movimento, o 8 de Setembro,  dirigido pela ORA  - Organização Revolucionária da Armada, assustou  Salazar que, praticamente, de imediato, manda abrir um Campo de Concentração na ilha de Santiago - o campo de concentração do Tarrafal, também conhecido pelo campo da morte lenta e onde Salazar pretendia assassinar os resistentes mais combativos, longe das suas famílias, das suas terras e da opinião pública.


Eram jovens, na força da vida, amavam o seu país e o seu povo, mas em vez da felicidade a que tinham direito,  foram lançados para um campo de paludismo e de morte!


O campo era um rectângulo de uns duzentos por trezentos passos, circundado por uma vedação feita de arame farpado e de toros de madeira. Os ventos traziam os cheiros imundos, empestando a atmosfera e espalhando o mosquedo.

 

Alguns destes elementos que referi, retirei-os de depoimentos dos nossos heróis tarrafalistas. Depoimentos que fazem parte da nossa História, da História de Portugal, mas esta parte da História é ocultada e, os nossos jovens não a vão ler nas escolas e, se não formos nós,  não ficarão a saber que, em Portugal, houve sempre, através dos tempos, uma juventude que lutou, que sacrificou a sua liberdade e até a sua vida por ideais de justiça,  de liberdade e de paz. Por isso, é tão importante a nossa vinda aqui. É um modesto contributo para lembrar os crimes que foram cometidos nesse terrível local onde se ia para morrer. Esse Campo de concentração durou 18 anos. Encerrado devido à denúncia nacional e internacional que os democratas levaram a cabo.

Mas nós, não podemos esquecer também que, anos mais tarde, o campo foi reaberto como prisão para os patriotas das guerras coloniais. Foi por essa razão que a URAP esteve presente em Cabo Verde em 1 de Maio de 2009, num Simpósio Internacional e, como foi proposto, consideramos de grande importância que se faça do Campo de Concentração um Memorial Internacional de evocação à memória de luta dos povos pela Liberdade, para que  as gerações futuras não possam esquecer as atrocidades cometidas e também uma manifestação de respeito pela memória daqueles que deram o melhor das suas vidas e  muitos, as próprias vidas,  para que fosse possível um mundo mais justo. E, como eles próprios diziam:


"É muito grande a força de um homem que se bate por razões justas que o engrandecem e não quer abdicar do respeito por si próprio. No Tarrafal éramos muitos os que assim pensavam e sentiam e mútuo era o amparo e mútuas as palavras de encorajamento.  Cercaram-nos de arame farpado, de mar, de muitas muralhas de isolamento e todas elas derrubámos. Mas a que construímos com a nossa firmeza, a nossa convicção num futuro que iria abater os fascistas, essa não a demoliram os carcereiros. E os vencedores fomos nós".

Amigos,


Numa situação muito diferente  que vivemos hoje, mas em que muitas vezes a esperança nos parece fugir, é bom lermos estas palavras. São um incentivo para continuarmos o combate contra o esquecimento e pelos ideais que nortearam o 25 de Abril.


25 de Abril Sempre!


Fascismo nunca mais!




Lisboa, 19 Março/2011

Marília Villaverde Cabral

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logo_fir.jpgFederação Internacional de Resistentes - Associação Antifascista

FIR, Franz-Mehring Platz, 1, D-10243, Berlin

URAP, Rua Bernardo Lima, 23, 1.º esq., 1150-075 Lisboa, Portugal

Berlin, 1-2-2011

 

Caros Camaradas,

Venho por este meio transmitir-vos, em nome da Federação Internacional de Resistentes - Associação Antifascista, as melhores saudações à vossa Assembleia-Geral.

A URAP tem sido desde há muitos anos uma importante e activa organização da FIR. Ninguém esquecerá nunca a heróica luta dos antifascistas portugueses para o derrubamento do regime de Salazar. Sacrificaram as suas vidas, estiveram presos ou exilados, mas lutaram pela liberdade e por uma sociedade liberta do fascismo. A Revolução dos Cravos em Abril de 1974 é uma referência na FIR como um exemplo de uma bem sucedida luta antifascista.

Ninguém esquecerá que a URAP realizou um bom trabalho em diversos momentos para as tarefas comuns com a FIR. Apenas queremos recordar, nos últimos anos, a participação da URAP em Conferências da FIR no Parlamento Europeu e a sua participação com uma delegação no Encontro Internacional da Juventude em Buchenwald em 2008. A URAP representou também com sucesso a FIR no movimento pela paz contra a Cimeira da OTAN/NATO em Lisboa em Novembro de 2010.

Foi por essa razão que o Congresso da FIR em Berlim em 2010 elegeu o vosso delegado David Pereira como membro do Comité Executivo da FIR.

Estamos orgulhosos de que desta forma a ligação entre a FIR e a URAP está viva e activa.

Queremos desejar-vos um bom debate e boas decisões para o trabalho na vossa Assembleia-Geral no sentido de ajudar a vossa organização e a FIR a encontrar as respostas para os problemas actuais.

Saudações fraternais,


Ulrich Schneider

Secretário-geral

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