A URAP saúda todos os trabalhadores no dia 1º de Maio, este ano em tempo de pandemia e de grave recessão económica decorrente desta e que será comemorado pelos sindicatos de forma especial, precavendo a saúde pública dos portugueses.
Lembra a manifestação inolvidável do 1º de Maio de 1974, uma semana após a revolução libertadora, que instituiu o Dia do Trabalhador como feriado, 88 anos depois (1886) de, em Chicago, EUA, mais de 500 mil trabalhadores terem saído à rua, numa manifestação pacífica, apesar de fortemente reprimida, exigindo a redução da jornada de trabalho para oito horas.
Em Portugal, até aos finais do século XIX, não existiu nenhuma regulamentação geral da duração do trabalho. No início do século passado, era de uma quase completa desregulamentação, não se registando descanso semanal obrigatório nem limitação da jornada diária de trabalho, praticando-se, no comércio e na indústria, horários de 10, 12 e 14 horas. No campo era de sol a sol...
Após inúmeras lutas, só em 7 de maio de 1919, o Decreto nº 5516 consagrou a ambição da jornada de trabalho de 8 horas (e a semana das 48 horas) na indústria e no comércio. Na agricultura, as nuitas lutas culminaram em Maio de 1962, data em que foram conquistadas as oito horas, com descanso ao domingo.
Derrubada a ditadura, em Abril de 1974 e consolidado o regime democrático, a campanha pelas 40 horas de trabalho semanal, lançada pela CGTP-Intersindical Nacional no 1º de Maio de 1989, acabou por vingar muitos anos depois, com a Lei nº 21/96, de 23 de Julho.
Em 1974, o povo saiu à rua em massa, exigindo o fim da censura, da guerra colonial, liberdade para os partidos políticos, e direitos fundamentais para os trabalhadores, como o direito à greve. A manifestação de Lisboa, que terminou com um comício gigantesco no Estádio 1º de Maio, reforçou o apoio aos capitães de Abril e aos antifascistas que, ao longo de 48 anos, travaram uma dura luta por um Portugal democrático, muitos perdendo a liberdade e a própria vida.
A URAP louva os milhares de portugueses que, nestes dias, trabalham nos hospitais, nos serviços públicos e privados, em teletrabalho em casa, e também todos aqueles que, confinados no domicílio, se encontram afastados das suas famílias e dos seus amigos.
A URAP não pode ficar indiferente aos despedimentos e ao chamado lay-off, que tem colocado milhares de trabalhadores à beira da miséria, e está solidária com a luta do movimento sindical e com a denúncia destas situações que não cabem no Portugal de Abril.
A URAP está com os trabalhadores de todo o mundo que lutam pelos seus direitos, por uma sociedade em que o trabalho, finalmente livre da exploração, constitua a realização integral das suas capacidades como seres humanos.
A URAP apela a todos os democratas portugueses que lutem para que os direitos conquistados com a Revolução de Abril não voltem para trás.
VIVA O 1º DE MAIO!