Milhares de pessoas comemoraram, domingo, no Porto, o 47º aniversário da revolução do 25 de Abril, num desfile que se iniciou junto à antiga cadeia da PIDE, no Largo Soares dos Reis, e terminou na Avenida dos Aliados, caracterizado pela presença maciça da juventude.
No início do desfile, junto à cadeia, actual Museu Militar e de Unidade de Interpretação e Informação da Resistência ao Fascismo no Porto, Teresa Lopes, da direcção da URAP, evocou “a Resistência antifascista homenageando todos os que se bateram sem desfalecimentos contra o fascismo”, evocando “simbolicamente o Professor Ruy Luís Gomes”, candidato da oposição às eleições presidenciais de 1951.
Teresa Lopes celebrou a acção “dos Capitães de Abril” e “a Constituição da República Portuguesa que, nos seus 45 anos de existência, continua a ser um farol dos valores de Abril”, para em seguida apelar à defesa desses mesmos valores “nos tempos difíceis que vivemos”.
Em seguida, Diogo Silva leu uma mensagem do arquitecto e professor Mário João Mesquita, autor do projecto que visa a musealização da memória antifascista no edifício que foi durante mais de 40 anos a sede da polícia política de Salazar e Marcelo Caetano no Porto.
Mário Mesquita, num texto intitulado “Um Fino Fio Invisível”, lembra que o “palacete burguês aqui atrás, entre a emblemática e sempre revolucionária Rua do Heroísmo e o icónico Largo Soares dos Reis tem História: uma história que se cruza com a própria cidade, desde a heróica resistência ao Cerco do Porto até ao ´último dia da PIDE´, 24 horas após o 25 de Abril de 1974”.
“Nestes dois séculos (o Porto) foi ´assistindo´ a um conjunto de transformações sociais e políticas na cidade e no País. A partir dele, parte substancial do processo histórico portuense e português pode também ser contado, de uma forma impressiva que não nos deixa indiferentes e nos faz pensar que a narrativa não terminou no dia 26 de Abril de 1974 com a sua libertação”, escreve.
Depois de recordar que “hoje é o dia de combater o esquecimento com a memória dos imensos deserdados da sorte que por nós se arriscaram para que comemorássemos a Liberdade, em liberdade, não deixando no limbo das trevas, as memórias do ´tempo antes´ e celebrando as ´portas que Abril abriu´”, Mário Mesquita relatou a história de muitos que o fascismo perseguiu, para terminar dizendo que há “ainda há muita gente que não fala e não falará por medo”.
Ao mesmo tempo que considerou que o Portugal de hoje é “um País infelizmente já pouco comprometido com as Conquistas de Abril, com os Sonhos de Abril, num País que não mais queremos que volte atrás”, Mário Mesquita manifestou confiança que “os Vampiros e os Algozes do Portugal de Abril que espreitam a oportunidade para nos matar o nosso sonho lindo, o nosso amor pela Liberdade não passarão. A eles, respondemos: Liberdade, Liberdade, Liberdade sempre”.
A manifestação da Liberdade, que foi promovida por uma Comissão Promotora, constituída pela União dos Sindicatos do Porto, a União de Resistentes Antifascistas Portugueses, o Movimento Democrático de Mulheres, A Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, a Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, a Universidade Popular do Porto, a Associação José Afonso Norte e a Associação Conquistas da Revolução, organizou na Avenida dos Aliados um espectáculo musical.


Contribui!
Inscreve-te e actualiza a tua quota