Na presença da ministra da Cultura e de uma delegação da URAP encabeçada por Marília Villaverde Cabral, o Museu Nacional Resistência e Liberdade (MNRL) inaugurou, dia 25 de Abril, a primeira exposição internacional, “Candelabro ASM – Aristides de Sousa Mendes: o Exílio pela Vida”.
A exposição, que conta a história do cônsul de Portugal em Bordéus Aristides de Sousa Mendes no ano de 1940, é montada à volta de um “Candelabro” da autoria do artista alemão Werner Klotz, com quatro metros de altura, feito em aço inoxidável e que integra 13 pequenos vídeos, e ainda uma instalação sonora original criada pela compositora alemã Almut Kühne.
Para além do neto Gerald de Sousa Mendes, que agradeceu a homenagem ao “resistente que combateu pela liberdade”, intervieram a ministra da Cultura, Graça Fonseca, a directora do Museu, Aida Rechena, e Werner Klotz que contou que fez a escultura para concretizar o sonho de outro neto, Sebastian Mendes, seu amigo, já falecido, que escutava em criança conversas de seu pai com sobreviventes dos campos nazis.
“O que ficou na sua cabeça foi a resposta de um homem ao seu pai que lhe perguntou como sobreviveu sem comida e roupas adequadas, algures na Polónia, ao fugir de um campo de concentração? Este homem disse que não tinha fome ou frio, porque imaginou que estava num grande banquete e que as estrelas do céu eram candelabros. Isso ficou na cabeça do Sebastian Mendes e ele contou-me e ficou na minha”, disse Werner Klotz.
Para o artista residente em Berlim, estava criado o mote da escultura, um “candelabro” que brilha como as estrelas e no qual estão incorporados vídeos que tentam avivar a memória daquele período negro da História europeia. A videoescultura relembra-nos que a Arte também é Memória, Homenagem e Resistência. E que a Liberdade é uma Luz.
A exposição, que abriu ao público dia 27 de Abril e estará patente até Outubro de 2021, é uma parceria entre a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), a Sousa Mendes Foundation, de Nova Iorque, e o Comité Sousa Mendes, de Bordéus, e nela participam cinco países: Portugal, França, Alemanha, EUA e Canadá.
Segundo a Direcção-Geral do Património Cultural, a exposição da Fortaleza de Peniche evoca “o legado de Aristides de Sousa Mendes (…), estando assim em linha com a missão assumida pelo MNRL enquanto Museu de Memória, vocacionado para a disseminação dos valores e princípios de Cidadania, dos Direitos Humanos e da Liberdade”.
Aristides Sousa Mendes, enquanto cônsul de Portugal em Bordéus, em 1940, desobedeceu às ordens do governo de Salazar e concedeu milhares de vistos para Portugal aos judeus que fugiam da perseguição nazi durante a II Guerra Mundial.
Foi proscrito até à morte pelo regime fascista e apenas reabilitado depois da Revolução dos Cravos, em 1988, quando o Estado Português repôs o seu estatuto de diplomata. A 3 de Abril de 2017, dia do aniversário da sua morte, Portugal atribui-lhe a Grã Cruz da Ordem da Liberdade. Em Junho de 2020, o Parlamento votou por unanimidade que lhe fossem concedidas honras de Panteão Nacional.


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