
Um mural itinerante de 15 metros de largura e 2,70 de altura, composto por 46 mosaicos cerâmicos elaborados por alunos de 46 de escolas e jardins-de-infância do continente e ilhas foi inaugurado, dia 25 de Abril, no Campo da República frente à Fortaleza de Peniche.
A execução do painel foi promovida pela FENPROF em parceria com a Câmara Municipal de Peniche e com o apoio da URAP - União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, Associação 25 de Abril, da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBA.UN), e do CENCAL - Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, das Caldas da Rainha.
Com inauguração marcada para 25 de Abril de 2020, para assinalar os 46 anos da Revolução dos Cravos, o mural “46 escolas por Abril” só se concretizou este ano devido à pandemia por COVID-19.
O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, inaugurou a cerimónia, afirmando que “homenagear Abril, ontem, hoje e sempre, não se deve esgotar em memórias, mas projectar-se no futuro, dando, assim, continuidade ao ideal democrático que o impulsionou”, acrescentando que o mural “olhará de frente um dos espaços em que o fascismo encarcerou ideais, cultura, arte, liberdades e ceifou vidas”.
“Com respeito pelas normas que a todos se exigem, pois em causa está a saúde pública, um ano depois dos 46 anos é tempo de dar continuidade à homenagem iniciada um ano antes. E quanto a Abril, pouco importa quantos anos passaram, desde que Abril seja infinito em futuro”, garantiu.
O presidente da Câmara Municipal de Peniche, Henrique Bertino Batista Antunes, realçou, por seu lado, “a dificuldade ao falar de Abril é explicar às crianças e jovens aquilo que poderá ser entendido como um absurdo, a ausência de liberdade antes de Abril de 1974. Felizmente, para os nossos jovens de hoje é quase impossível imaginar a forma como convivíamos com o medo de falar”.
Depois de sublinhar que “na nossa Fortaleza de Peniche estiveram presas mais de 2 500 pessoas porque tinham, essencialmente, uma opinião diferente de quem governou o nosso país durante quase 50 anos”, disse que “quando, em breve, a Fortaleza de Peniche vir terminada a instalação do Museu Nacional de Resistência e Liberdade, passará a estar em Peniche o símbolo maior da Liberdade conquistada por homens e mulheres que, durante décadas, lutaram pela liberdade de todos, e que tão bem foram representados por um punhado de bravos jovens militares de Abril, que deram corpo à ambição colectiva de sermos livres”.
Marília Villaverde Cabral, em representação da URAP, lembrou que “esta Iniciativa não seria possível sem o trabalho dos professores que entusiasmaram crianças e jovens, falado-lhes do que foi o 25 de Abril, do que foi a luta para a conquista da liberdade, dos direitos para um povo subjugado e a viver uma guerra que não era sua”.
“Nós, na URAP, esforçamo-nos para contribuir, com sessões em escolas, para dar a conhecer às novas gerações o que foi viver no fascismo, o que foi a resistência. Temos tido sempre a ajuda solidária de muitos professores e contamos ter cada vez mais, porque os tempos que vivemos mostram que o fascismo não morreu, como se vê por toda a Europa e não só, incluindo no nosso país”, afirmou.
Aos 46 mosaicos cerâmicos, que têm uma dimensão de 60 centímetros de lado e 16 azulejos cada, com composição artística e organização tutelada pelas FBA.UL, foram executados mais dois, pelo CENCAL, num total de 48. Nestes últimos, encontra-se um texto de enquadramento e a lista dos estabelecimentos de educação e de ensino participantes.


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