A Sociedade 1°de Agosto Santairiense acolheu, dia 19 de Dezembro, a apresentação por Marília Villaverde Cabral do livro “Elas Estiveram nas Prisões do Fascismo”, numa sessão organizada pelo núcleo da URAP de Santa Iria de Azóia, com a presença de cerca de 40 pessoas.
A sessão foi presidida por Diamantino Torres, do Conselho Nacional da URAP e do núcleo, que falou sobre as actividades que este tem levado a cabo e apresentou a Mesa composta por Marília Villaverde Cabral, vice-presidente da Assembleia Geral, e Luísa Simão, dirigente da Sociedade 1°de Agosto Santairiense.
Marília Villaverde Cabral fez uma resenha do conteúdo do livro e começou por destacar que “logo na primeira página, pode ler-se a dedicatória: ´a todas as mulheres portuguesas que, em tempos de medo, silêncio e opressão contribuíram com palavras e actos de resistência para a construção do caminho solidário para a liberdade e a democracia´”.
“A foto da capa chama logo a atenção para o horror a que as mulheres presas estavam sujeitas: Albina Fernandes agarrada ao seu filho, Rui, na cadeia, com medo que lho roubassem”, disse, acrescentando que o “livro trata, não só do enquadramento político, social, ideológico e cultural da ditadura fascista, mas igualmente da participação de mulheres em numerosas lutas no plano social, nos combates no plano político de formas semi-legais ou na clandestinidade, numa sociedade dominada por valores conservadores e patriarcais”.
A oradora alertou para os tempos que correm em que “apesar da Revolução de Abril, há ainda discriminação”, para apelar em seguida à continuação da luta, e valorizou o trabalho da URAP que, “ procurando no passado, para que a luta destes heróis não caia no esquecimento, tem sempre os olhos postos no futuro”.
“Hoje, também é necessária a luta para que o fascismo nunca mais volte à nossa Terra”, acrescentou.
A dirigente da Sociedade 1°de Agosto Santairiense Luísa Simão agradeceu a realização deste tipo de iniciativas que nos fazem recuar ao passado fascista; enquanto vários participantes abordaram a situação política actual; e outros falaram do papel que desempenharam, para além das mulheres que estiveram presas, os familiares dos presos, suas mães e suas companheiras que suportaram tempos muito difíceis.
Na sala estavam vários ex-presos políticos que falaram das suas experiências de luta e da vida nas prisões. Foi também lembrado o papel desta colectividade na formação política e cultural de várias gerações de muitos operários que ali contactaram com escritores como Alves Redol, Ferreira de Castro, entre outros.
A propósito da iniciativa da URAP sobre a fuga de Caxias, foi referida a figura de António Tereso e enaltecida a sua coragem por vários presentes, entre eles por um companheiro que se encontrava preso em Caxias nessa altura.


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