A Assembleia Geral (AG) da URAP reuniu-se dia 22 de Março na Casa do Alentejo, em Lisboa, com 194 associados, provenientes de 37 concelhos, para eleger os novos corpos sociais para o biénio 2025-27, discutir e aprovar o Relatório das Contas, o Balanço da Actividade e o Plano de Actividades, numa sessão presidida por Levy Baptista, presidente da AG.
A mesa era constituída por Levy Batista, que presidiu, pela vice-presidente, Marília Villaverde Cabral, Eulália Miranda, Celestina Leão e Ana Páscoa. Os participantes lotavam por completo o salão da Casa do Alentejo, na mais participada AG das últimas décadas, duplicando mesmo a de 2024, numa demonstração de vitalidade da organização e da actualidade da luta antifascista.
José Pedro Soares, coordenador da URAP, abriu a sessão com uma abordagem da actividade da URAP e a situação política nacional e internacional. Anunciou que a organização editou mais dois novos livros, nomeadamente um sobre a Conferência Internacional, que decorreu a 26 de Abril 2024 na Escola Secundária de Camões, em Lisboa, e que o livro sobre a cadeia de Peniche vai na 6ª edição e contém elementos novos.
Carlos Mateus, do Conselho Directivo, procedeu à leitura do Balanço da Actividade de 2024 e do primeiro trimestre de 2025. Depois de sublinhar que a URAP conta agora com mais 150 associados, destacou o trabalho efectuado pela organização nas escolas de todo o país, uma das mais importantes linhas de trabalho da URAP, a apresentação dos livros que edita, a construção de memoriais, a organização de ciclos de cinema, as viagens que organizou, a edição do Boletim e a participação nas redes sociais, nomeadamente.
Falou ainda de outras iniciativas, como a inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade, na Fortaleza de Peniche, dia 27 de Abril; a Conferência sobre “A Revolta das Espoletas: Um Movimento de Contestação em Peniche”; a participação em numerosas acções e manifestações sobre a Paz, a Palestina, a Habitação; a evocação do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto; a recolha de assinaturas para a Petição-Apelo para a criação do Museu da Resistência Antifascista no Porto; a celebração do 48º aniversário da Constituição da República Portuguesa; e os festejos dos 50 anos do 25 de Abril.
César Roussado, do Conselho Directivo, apresentou o Plano de Actividades para 2025. Referiu algumas datas redondas que decorrerão em 2026, como os 50 anos da URAP (30 de Abril) e os 80 anos do Campo de Concentração do Tarrafal. Entre outras tarefas para 2025, destacou o IV Encontro da Paz, no Seixal, do qual a URAP é uma das organizações promotoras, a deslocação de antifascistas às escolas, entre Fevereiro e Maio; a regularização das quotizações e a continuação da campanha para aquisição de uma sede.
A URAP estará ainda presente na Manifestação Nacional da Juventude Trabalhadora, dia 28 de Março; na sessão Comemorativa do 49º. Aniversário da Constituição da República Portuguesa, 2 de Abril; no Encontro Internacional de Juventude, de 3 a 7 de Abril; nas Comemorações Populares do 25 de Abril (51º Aniversário); na jornada de luta no dia da Libertação dos ex-presos políticos em Caxias (manhã) e no Museu Nacional da Resistência e Liberdade em Peniche, 27 de Abril; no Dia Internacional dos Trabalhadores, 1 de Maio; no Roteiro Nacional “Cultura e Resistência”, homenageando grandes figuras no plano cultural e cívico, como Soeiro Pereira Gomes, Aquilino Ribeiro e Manuel da Fonseca.
Intervieram muitos associados de vários núcleos do país, numa reunião que se revelou curta para tanta participação. Para além de temas comuns, como as sessões nas escolas, a apresentação de livros, as comemorações de efemérides, descrevemos outros assuntos específicos abordados pelos representantes dos núcleos.
Assim, Eduardo Baptista, do Cadaval, centrou a sua intervenção na actividade do Museu Resistência e Liberdade, em Peniche; José Manuel Maia, de Almada, referiu a campanha de recrutamento, com mais 91 novos associados, o volume da quotização (mais de 2 000 euros); e as sessões em escolas em Almada; Cristina Ribeiro, da Moita, mencionou as actividades do núcleo como o ciclo de cinema, as visitas às escolas, e as comemorações 25 Abril.
Francisco Lopes, de Lisboa, debruçou-se sobre aspectos da organização da URAP, entre eles a actualização da base de dados. Há 2 026 associados, de 140 municípios diferentes do país e Europa,14 distritos com núcleos, mas apenas 51 por cento indicaram email.
Edgar Costa anunciou que no ano lectivo passado a URAP esteve em 303 escolas, fez 443 sessões, para 32 045 alunos, 1 118 professores, em 17 distritos do continente, excepto Vila Real, e nos Açores.
Maria Amália Canelas, de Peniche, destacou o roteiro da revolta popular, sessões escolares, um ciclo cinema em parceria com o cineclube; Pedro Pinheiro, da Amadora, anunciou que o núcleo tem 60 membros, com 10 a participar activamente. Tem projecto para produção de um registo histórico sobre resistência na Amadora.
Natália Sapage, do Barreiro, como professora apresentou ideias sobre as deslocações às escolas dos antifascistas, falou de um circuito (roteiro, na rua) para professores levarem os alunos. Há aluno de outros territórios. Apresentaram formação para professores sobre 25 Abril aos concelhos directivos, cujo número de interessados excedeu em muito as expectativas.
Manuel Pereira, da Marinha Grande, referiu as comemorações da Revolta do18 de Janeiro 1934.
Elsa Silva, do Porto, falou sobre a homenagem aos antifascistas de Santo Tirso e a criação de um núcleo. Referiu o sucesso de uma banca da URAP no átrio do Teatro S. João durante os quatro dias de exibição da peça “A Colónia”.
Teresa Lopes, do mesmo núcleo, fez um ponto de situação da luta pela criação do museu do Porto. Estão a tentar elaborar uma candidatura a fundos europeus.
Ana Paula, de Montemor-o-Novo, relatou a actividade do núcleo, nomeadamente uma iniciativa a levar a cabo quando dos 80 anos do assassinato de Germano Vidigal; José Sampainho, do Seixal, mencionou as iniciativas conjuntas com a Câmara Municipal; Alberto Andrade, de Viseu/Santa Comba Dão, descreveu os desenvolvimentos havidos entre a autarquia e historiadores para a criação do Museu Salazar, considerando-os graves.
Aníbal Guerra, de Aveiro, narrou as comemorações dos 55 anos do II Congresso de Aveiro. Para além das iniciativas comuns, tencionam lembrar as lutas dos pequenos e médios agricultores pelo direito aos baldios no início dos anos 70. José Marcelino, de Loures/Odivelas apresentou os tópicos da sessão de homenagem aos resistentes de Loures e Odivelas, que dará lugar a uma publicação.
José Oliveira, de Lisboa, interveio sobre importância da participação nas próximas acções de solidariedade com a Palestina. Pedro Soares, de Setúbal e Palmela, referiu a articulação da URAP com as divisões de cultura e educação de ambos os municípios, assim como com os professores. Vítor Torres, de Vila Franca de Xira, fez saber das dificuldades que o núcleo tem para dar resposta a todas as solicitações das escolas.
O antifascista e ex-preso político Domingos Abrantes tomou a palavra para uma intervenção na qual questionou como é que o conhecimento do passado se transmite para a acção futura, ao mesmo tempo que avaliou a situação actual. Afirmou que hoje há a social-democracia como pilar do imperialismo e há fascistas sentados na NATO. Com a correlação de forças desvantajosas existente, denunciou que não há corrida armamentista que não toque nos direitos sociais. “Quem diz o contrário, mente”, garantiu, acrescentando que “temos hoje certos sectores da esquerda neste caminho”. Alertou para o facto de este ano se cumprir os 50 anos do 25 Novembro e da necessidade de levar a cabo uma luta ideológica .
Diogo Vale, de Évora, referiu a grande exposição organizada em Évora para os 50 anos do 25 de Abril, com um programa muito rico; Manuel Glória destacou a importância dos livros da URAP para transmitir às novas gerações o que foi o fascismo para a consciência colectiva, David Luna de Carvalho, de Mem Martins, levantou preocupações sobre a guerra e a paz, e o currículo escolar sobre a História de Portugal e a Revolução do 25 de Abril.
Hermínio Martins, de Coimbra, informou que está em execução um livro sobre os presos em Coimbra; Joana Bom, de Setúbal, que se inscreveu recentemente na URAP, enquanto professora reconheceu a importância do trabalho nas escolas. Referiu que a propósito do problema da habitação no concelho de Setúbal vão montar uma exposição fotográfica que mostra como era Setúbal no tempo das barracas e como ficou depois do 25 de Abril com as políticas públicas. Augusto Flor, de Almada, reflectiu sobre coisas como a importância das ciências sociais para o conhecimento do que foi o fascismo.
O Relatório das Contas foi aprovado e votado por unanimidade e um voto de louvor. Matilde Lima, de Lisboa, apresentou uma moção sobre a Paz que foi votada igualmente por unanimidade.
José Pedro Soares apresentou a futura composição dos órgãos, depois votada por 180 votos a favor e um voto em branco.
Levy Batista, o sócio número 3, que deixou a presidência da AG, lembrou os sócios 1 e 2 da URAP, respectivamente Ruy Luís Gomes e Fernando Piteira Santos, e congratulou-se com a participação massiva na assembleia face ao tempo que o país e o mundo atravessam neste momento.
A Assembleia Geral terminou em festa com actuação do grupo coral alentejano de Mombeja.
Documentos:
Corpos sociais 2025/2027
Conselho Nacional (2025)
Balanço da Actividade 2024/2025
Plano de Actividades para 2025.
Moção sobre a Paz