Correspondendo ao apelo internacional que convoca para o próximo 5 de Junho um dia de acção global contra a ocupação da Palestina, a URAP subscreveu a carta colocada à consideração pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), cujo texto seguidamente se transcreve. O objectivo será entregar a referida carta na Embaixada de Israel por representantes de todas as organizações subscritoras, assinalando desta forma os 40 anos do início da Guerra dos Seis Dias de 1967.
No seu apelo, o CPPC refere ainda estar "a acompanhar com muita preocupação os desenvolvimentos da dramática situação que se vive na Faixa de Gaza e no Líbano, o que nos faz reforçar o apelo para que as organizações portuguesas aderiam às iniciativas que exijam o fim da ocupação."
O CPPC apela ainda à participação de todas as organizações e movimentos, na sessão pública "Não à Ocupação Israelita da Palestina!" organizada pelo MPPM (Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente), na Segunda-feira, 4 de Junho, às 21 horas na Casa do Alentejo (Rua das Portas de Santo Antão, 58 - Lisboa), com a participação de José Saramago (Prémio Nobel De Literatura), personalidade palestiniana vinda de Ramallah (Cisjordânia), Mário Ruivo (Professor Universitário), Isabel Allegro Magalhães (Professora Universitária) e Silas Cerqueira (Investigador).
Carta:
« Assinala-se hoje, dia 5 de Junho, o início da Guerra dos Seis Dias de 1967, da qual resultou a ocupação por Israel de Jerusalém Oriental, a Margem Ocidental e a Faixa de Gaza.
Cumpre-nos transmitir-lhe em nome das organizações Portuguesas subscritoras desta missiva, que é urgente pôr fim a 40 anos de ocupação israelita dos territórios palestinianos, a 40 anos de violação sistemática e brutal dos direitos mais básicos e fundamentais do povo palestino, a 40 anos de negação do direito do povo palestino a ter um Estado independente, soberano e viável nos territórios ocupados. O povo palestino não pode continuar a ser refém na sua própria terra. Israel não pode continuar a afrontar abertamente o direito internacional e as inúmeras resoluções da Organização das Nações Unidas, que não só condenam a ocupação, como exigem o seu fim.
A Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU reconhece ao Estado de Israel o direito a «viver em paz no interior das suas fronteiras seguras e reconhecidas», mas não deixa dúvidas quanto à «inadmissibilidade da aquisição de terras pela guerra», e exige de Israel a «retirada das forças armadas israelitas dos territórios ocupados», bem como a resolução do problema dos refugiados. Quarenta anos depois, esta Resolução continua letra morta.
Os incomensuráveis sofrimentos repetidamente infligidos ao povo Palestino - que configuram crimes contra a humanidade e merecem a nossa enérgica condenação - a par da disseminação de colonatos ilegais e da construção do Muro de separação - já condenado pelo Tribunal Internacional de Justiça - configuram uma deliberada política de inviabilização da construção de um Estado Palestiniano livre, soberano e viável.
O povo Português, como a generalidade dos povos do mundo, defensor da paz e da liberdade, estará entre os primeiros a apoiar uma paz justa e duradoura em toda a região do Médio Oriente, que garanta a segurança de todos os povos da região. Mas nunca calará a denúncia dos crimes da ocupação.»