O antifascista Nuno Teotónio Pereira, um dos mais destacados arquitectos portugueses, morreu quarta-feira, 21 de Janeiro, em Lisboa, dias antes de completar 94 anos.
Integrou a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (constituída em finais de 1969), dinamizou o boletim clandestino "Direito à Informação" criado em 1963 para fazer a denúncia activa da Guerra Colonial e foi um dos mentores e participantes da famosa vigília da Capela do Rato de 30 de Dezembro de 1972, uma greve de fome de 48 horas destinada a promover a reflexão sobre a Guerra Colonial que a polícia acabaria por interromper fazendo várias detenções.
Ele próprio seria várias vezes preso (e duramente torturado) pela PIDE. Quando finalmente se deu o 25 de Abril de 1974, estava há vários meses na prisão de Caxias, de onde seria libertado um dia depois da revolução.
Nuno Teotónio Pereira foi um nome incontornável na resistência católica à ditadura, adere ao Movimento da Esquerda Socialista (MES) com Jorge Sampaio e Ferro Rodrigues e mais tarde ao Partido Socialista.
Tem uma carreira na arquitectura de mais de meio século que só terminou em 2008 quando ficou cego.
Entre os vários trabalhos que fez, com destaque para igrejas e residências, algumas das quais Prémio Valmor, projectou bairros sociais como as torres do bairro de Olivais Norte, em Lisboa, e habitação social em Braga, Castelo Branco, Barcelos ou Póvoa de Santa Iria, alguns em co-autoria com o arquitecto Nuno Portas.
Será justamente numa igreja que desenhou, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, onde repetiu a proposta de assembleia em leque já experimentada em Penamacor, que o seu velório se realizará hoje, 21 de Janeiro, a partir das 17:00. O funeral está marcado para amanhã, sexta-feira, às 13:30, no Cemitério do Lumiar.
A URAP apresenta à família as suas mais sentidas condolências.