O corpo do ditador espanhol Francisco Franco, que morreu em 1975, vai ser transferido na próxima 5ª feira, dia 24 de Outubro, do memorial do Vale dos Caídos, no Escorial, a 40 quilómetros de Madrid, para o cemitério em El Pardo-Mingorrubio, nos arredores da capital, onde está o túmulo de sua mulher, conforme anunciou o Conselho de Ministro de Espanha.
A exumação de Franco, aprovada em Setembro de 2018, quando o parlamento votou uma alteração à Lei da Memória Histórica para autorizar a retirada dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos, vai finalmente concretizar-se após uma batalha jurídica que opôs o Governo do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) à família do ditador, que pretendia que o seu corpo fosse transferido para a catedral de Almudena, no centro de Madrid, com honras militares, pretensão que os seis juízes do Supremo Tribunal rejeitaram por unanimidade.
O executivo quer que a transferência seja feita de avião, após comunicação à família com 48 horas de antecedência, num acto privado e sem a presença dos órgãos de comunicação social, para que a exumação do corpo não se transforme num espectáculo ou numa exaltação ao franquismo, e rejeitou a hipótese do corpo ser levado para qualquer local onde houvesse a possibilidade de ser "enaltecido ou homenageado".
Nas últimas semanas, o Vale dos Caídos recebeu a visita de muitos saudosistas do regime franquista que quiseram ir ao local antes do corpo do ditador ser transferido para El Pardo.
O Vale dos Caídos ou Abadia de Santa Cruz do Vale dos Caídos é um memorial franquista monumental do qual faz parte uma basílica construída entre 1940 e 1958, a cerca de 40 km de Madrid, no município de San Lorenzo do El Escorial, em memória dos nacionalistas mortos na Guerra Civil Espanhola, de 1936-1939.
Foi mandado construir por Franco, que, apesar de não ser uma vítima da Guerra Civil, está enterrado aí com dezenas de milhares de combatentes nacionalistas da Guerra Civil.
Durante os mais de três anos que durou a Guerra Civil morreram cerca de 500 mil espanhóis e 10 mil voluntários brigadistas nas batalhas entre nacionalistas e milícias populares republicanas, constituídas por espanhóis e revolucionários, voluntários das Brigadas Internacionais (combateram em Espanha mais de 40 mil brigadistas, entre os quais portugueses), muitos dos quais se encontram em valas comuns.
Francisco Franco Bahamonde foi um militar espanhol que integrou o golpe de Estado que, em 1936, marcou o início da Guerra Civil Espanhola, tendo exercido, desde 1938, o lugar de chefe de Estado, até morrer em 1975. Apesar de ter entregado o poder à monarquia, iniciou-se a transição do país para um sistema democrático com a entrada em vigor da Constituição de 1978.
No momento em que uma autarquia portuguesa quer dignificar a figura de António de Oliveira Salazar, o ditador que governou Portugal durante 48 anos, em Espanha o governo socialista do PSOE retira Franco de um mausoléu e faz a transladação do seu corpo para um cemitério municipal.
Lutemos, pois, de todas as formas contra a criação, em Santa Comba Dão, de um museu dedicado a Salazar, tenha ele o nome que quiserem dar-lhe.