O Campo de Concentração do Tarrafal, ou Campo da Morte Lenta, foi formalmente inaugurado a 29 de Outubro de 1936, com a chegada da primeira leva de 152 pessoas e esteve em funcionamento durante 18 anos, causando a morte a 32 presos políticos e deixando a saúde arruinada a muitos mais.
Inspirado nas experiências dos primeiros campos de concentração hitlerianos destinados a presos políticos, o Tarrafal, situado na ilha de Santiago, em Cabo Verde, recebeu inicialmente 79 presos que se encontravam na Fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo, e 73 oriundos de cadeias de Portugal continental. Viajaram doze dias nos porões do navio “Luanda”.
A mais sinistra cadeia fascista para onde foram enviados desde marinheiros, da Revolta dos Marinheiros, que reivindicavam melhores condições, a comunistas e anarquistas, opositores que o governo fascista considerada de grande perigosidade, caracterizava-se por estar instalada numa zona inóspita, de condições climáticas adversas e sem água potável, com forte vigilância militar e instalações cercadas de arame farpado.
Para os presos castigados existia um pequeno bloco de cimento com uma estreita frincha, a “frigideira”, construído no meio do campo e de forma a ficar sob um sol abrasador. Os presos podiam passar longos dias a pão e água, a dormir no chão de cimento e sujeitos a um cheiro nauseabundo por terem de fazer as necessidades fisiológicas no local.
“Daqui ninguém sai com vida... Quem vem para o Tarrafal vem para morrer” era a frase usada pelos carcereiros complementada pela afirmação do médico de que a sua função não era tratar da saúde dos presos, mas passar certidões de óbito.
Lembrar o Tarrafal e todas as cadeias do fascismo é um imperioso a que a URAP se junta, ciente de que é necessário recordar hoje a todos os portugueses e sobretudo transmitir às novas gerações o que foi o fascismo, ao mesmo tempo que é preciso dizer: FASCISMO NUNCA MAIS!