Américo Leal, que pertenceu ao Conselho Directivo da URAP, foi deputado à Assembleia Constituinte e Assembleia da República pelo distrito de Setúbal, membro do PCP desde a clandestinidade, morreu dia 18 de Junho, em Alhos Vedros, aos 99 anos de idade.
O velório decorrerá no domingo de manhã na Capela do Cemitério de Sines e o funeral realiza-se no Complexo Funerário de Setúbal, entre as 14:30 e as 15:00.
Américo Lázaro Leal, que nasceu em Sines a 20 de Janeiro de 1922, foi um grande dinamizador da URAP e criou o núcleo desta organização em Setúbal. Como dirigente URAP, participou com muitas centenas de crianças e jovens em debates e reuniões sobre a luta antifascista e a Revolução de 25 de Abril de 1974. Foi homenageado diversas vezes pela organização, nomeadamente quando cumpriu 90 e 95 anos de idade.
No 25 de Abril de 1974 encontrava-se no Porto. Regressou a Sines, dias depois do 1.º de Maio, com a sua companheira de sempre Sisaltina Santos. São recebidos pela população em peso, numa demonstração de reconhecimento pelo seu heroísmo na resistência antifascista e na luta pela liberdade e democracia.
Fez parte da comissão local do Movimento de Unidade Democrática (MUD). Destacado resistente antifascista, era membro do PCP desde 1947, tendo estado na clandestinidade durante 27 anos. Começou a trabalhar com 13 anos, idade em que ficou órfão, como operário corticeiro.
Em 1943 é preso pela PIDE. Permanece 45 dias no Aljube, onde conheceu Militão Ribeiro, dirigente do PCP também preso, que o liga ao Partido. Em 1944 aderiu ao PCP, quando regressou da tropa e à sua terra. Assumiu tarefas na organização do Partido ligada à indústria corticeira e no organismo da direcção regional do Alentejo Litoral. Integrou o Comité Nacional da Cortiça, composto inicialmente por corticeiros do Barreiro, Évora, Silves e Sines. Nos finais de 1945, integrou a delegação de corticeiros que expôs ao Governo a necessidade de um acordo colectivo de trabalho, acordo esse conquistado em 1947. Em 1958/59 é de novo preso em Caxias com a sua companheira e com o filho mais novo de ambos.
É autor dos livros "O Rosto da Reforma Agrária" e "O Vale do Sado no Mundo de dois opostos", editados pelas Edições Avante!, e de "Quem somos! -Testemunhos" (edição de autor).
A URAP envia as suas mais sentidas condolências aos filhos, netos e bisnetos, e curva-se perante a vida e obra de Américo Leal, um resistente antifascista e construtor da democracia em Portugal.