A pianista e resistente antifascista Olga Prats morreu dia 30 de Julho, aos 82 anos, na sua casa da Parede, concelho de Cascais, vítima de doença oncológica.
Grande intérprete de compositores portugueses, nomeadamente de quase todas as obras de Fernando Lopes-Graça, de quem foi também grande amiga, Olga Prats para além de pianista foi professora no Conservatório Nacional e na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) até à reforma em 2008.
Antes da Revolução de Abril de 1974, as casas do casal Olga Prats - João Delgado Simões serviram de ponto de apoio a funcionários clandestinos e de local para a realização de várias reuniões de antifascistas.
Com uma carreira de quase 70 anos, foi co-fundadora, na década de 1970, de vários grupos, como o duo com a violetista Ana Bela Chaves, o ensemble de teatro musical Grupo ColecViva, em 1975, e em 1980, o “Opus Ensemble”, grupo português de música de câmara.
Olga Prats começou a tocar piano aos 5 anos com sua mãe e mais tarde foi aluna de João Maria Abreu e Motta. Deu o seu primeiro recital, aos 14 anos, no Teatro Municipal de S. Luiz.
Maria Olga Douwens Prats nasceu em Lisboa, a 4 de Novembro de 1938, fez o Curso Superior de Piano no Conservatório Nacional e, em 1957, prosseguiu os estudos em Colónia, na Alemanha, onde foi aluna de Gaspar Cassadó e de Karl Pillney, e em Friburgo, na Suíça, onde estudou com Carl Seeman e Sándor Végh.
Olga Prats foi colaboradora próxima de compositores como António Victorino d'Almeida e Constança Capdeville, e foi a primeira pianista a tocar e a gravar o argentino Astor Piazzola em Portugal e a divulgar o fado ao piano, nomeadamente as partituras de finais do século XIX e primeiras décadas do século XX de compositores como Alexandre Rey Colaço ou Eduardo Burnay.
Teve como patrona a Marquesa de Cadaval, que a ajudou a comprar o primeiro piano, foi jurada, desde a sua criação, do Prémio José Afonso, que distingue anualmente um álbum inédito de música portuguesa, e foi também jurada em concursos de música erudita, tanto em Portugal, como no estrangeiro.
Em 2008, o Estado português reconhece a excepcionalidade da sua carreira e o seu contributo para a Cultura portuguesa, tendo-a feito feita Comendadora da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
O compositor Sérgio Azevedo é autor da única biografia publicada da pianista, "Olga Prats - Um Piano Singular" (Bizâncio, 2007).
À família e aos amigos, a URAP apresenta as mais sentidas condolências.