Maria Lourença Calção Cabecinha, militante antifascista e ex-presa política, morreu dia 7 de Janeiro em Montemor-o-Novo aos 88 anos.
Nascida no Monte da Aldeia, S. Cristóvão, em 1933, era filha única de um casal de trabalhadores rurais. Foi o pai que lhe ensinou as primeiras letras, dada a ausência de escola naquela zona. Ela própria trabalhou no campo desde os 12 anos e só mais tarde, depois de ter estado presa, faria o exame da antiga 4ª classe.
Começou a viver com o militante comunista António Gervásio aos 18 anos, altura em que se tornou também funcionária desse partido, e o filho de ambos, que só viveria com os pais os primeiros três anos, foi aos 18 anos para França para fugir à guerra colonial.
Lourença Cabecinha esteve cinco anos e meio presa no Forte de Caxias, entre 1964 e 1969, tendo sido julgada apenas dez meses após a detenção. Tinha sido condenada a dois anos e dez meses de prisão maior com medidas de segurança.
O companheiro, António Joaquim Gervásio, foi entretanto preso por três vezes. Na penúltima, em 1960, embora condenado a cinco anos e meio, sairia em Dezembro de 1961 integrado no grupo de oito presos que fugiu do Reduto Norte do Forte de Caxias no carro blindado de Salazar. Preso de novo em 1963, em Peniche, só viu a liberdade após o 25 de Abril de 1974. Um dos responsáveis pela Reforma Agrária, foi deputado às Constituintes e à Assembleia da República. Morreu em Janeiro de 2020 aos 92 anos.
Lourença Cabecinha teve uma vida de luta contra o fascismo, viveu muitos anos na clandestinidade e na prisão, e após a revolução de Abril participou em acções da URAP e era membro do núcleo de Montemor-o-Novo do Movimento Democrático de Mulheres (MDM) desde a sua origem.
A URAP envia à família e aos amigos as suas mais sentidas condolências.