Fernando Miguel Bernardes, engenheiro geógrafo e matemático, lutador antifascista e ex-preso político morreu hoje aos 92 anos. O seu corpo estará amanhã, dia 18, a partir das 17:30, na Igreja de S. João de Deus, Praça de Londres, Lisboa, e o funeral realiza-se sábado, às 13:30, no cemitério do Lumiar.
Em 10 de Julho de 2021, o núcleo de Almada da URAP organizou-lhe uma sessão de homenagem, ao Homem, Escritor e Resistente, na Associação Manuel da Fonseca, no Pragal, tendo-lhe sido dedicada uma canção com letra de Mário Araújo e música de João Fernando, cantada por Luísa Basto.
Fernando Miguel Bernardes participou em dezenas de antologias e em discos de Manuel Freire, Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira.
Nasceu em Gândara dos Olivais, Leiria, em 14 de Dezembro de 1929. Antes do 25 de Abril, foi preso seis vezes, julgado e condenado Tribunais Plenários de Lisboa e do Porto, cumprindo sucessivas penas nas cadeias políticas de Coimbra, Porto, Caxias e Lisboa (Aljube). Conseguiu ainda fugir duas vezes a tentativas de prisão e foi vítima de uma tentativa de assassínio, que o deixou quase morto.
Mais tarde, foi-lhe reconhecido, pela Assembleia da República, o "mérito excepcional da contribuição dada à defesa da Liberdade e da Democracia".
Formou-se, em 1970, como engenheiro geógrafo e licenciou-se depois em Matemática. Fez um curso de pós-graduação em Cálculo Científico como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (1971-74), na Universidade Clássica de Lisboa.
Foi professor do ensino secundário e do ensino superior, técnico superior de Sistemas Informáticos, na Lisnave, e director do Departamento de Acção Sociocultural no pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Almada.
Foi co-fundador da Organização dos Trabalhadores Científicos, e sócio activo de instituições científicas e culturais como a Sociedade de Geografia de Lisboa,
Como escritor, foi membro da direcção da Associação Portuguesa de Escritores desde 1994, fez parte da redacção da revista O Escritor, da APE, como editor-chefe;
Possui uma vasta e diversificada obra publicada, com destaque para a poesia e contos para a infância e juventude, distinguida com vários prémios literários - Menção Honrosa do Prémio Rosa Damasceno (1947), Santarém, no qual Soeiro Pereira Gomes obteve o 1º prémio; Distinção pelo Júri do Prémio Almeida Garrett de Poesia, 1957, Porto; Menção Honrosa do Júri dos Prémios Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças (Revelação), 1982.
Entre os seus livros deixa uma inequívoca marca de intervenção política, de denúncia do regime fascista em Portugal, em obras como "Escrito na Cela" (1982), "Uma Fortaleza da Resistência" (1991) e "Docas Secas" (1991).
A URAP envia aos familiares e amigos de Fernando Miguel Bernardes as suas mais sentidas condolências.