Maria Lucília Estanco Louro, professora, historiadora e resistente antifascista, morreu dia 27 de Dezembro, em Lisboa, aos 96 anos.
Nascida em Beja, em 27 de Janeiro de 1922, Maria Lucília Estanco Louro pertence à geração que conciliou a docência e a intervenção cívica com o combate militante à ditadura. Pertenceu à Associação Feminina Portuguesa para a Paz (AFPP) e era a única sobrevivente do grupo que, em finais da década de 1930/inícios de 40, participou nos passeios do Tejo.
Maria Lucília Estanco Louro era licenciada em Ciências Histórico-Filosóficas, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1944, com a tese Paul Gauguin visto à luz da Caracterologia - Vida e Obra, e foi uma referência enquanto docente que se preocupou com a formação pedagógica, cultural e científica dos seus alunos à luz da historiografia mais avançada.
Como activista política da AFPP participou, entre outras coisas, em inúmeras sessões culturais e pacifistas, integrou o núcleo de militantes que organizava pequenos pacotes com cigarros e géneros que mandavam, em colaboração com o Socorro Vermelho Internacional, para os prisioneiros nos campos de concentração.
A 9 de Abril de cada ano, data da Batalha de La Lys, e no âmbito das actividades da AFPP costumavam depositar ramos de flores no monumento aos mortos da Grande Guerra.
Ofereceu, na década de noventa, ao Museu do Neo-realismo, em Vila Franca de Xira, um pequeno espólio (folhetos, programas, etc.) sobre a organização desta associação.
Entre muitas acções antes e depois de Abril, participou na campanha de Humberto Delgado, subscreveu as listas da Oposição Democrática, era filiada no Partido Comunista Português, sócia da Associação de Amizade Portugal-Cuba e do Conselho Português para a Paz e Cooperação.