Pedro Barroso, músico da resistência, morreu dia 17 de Março, em Lisboa, aos 69 anos vítima de cancro.
Cantor, compositor, declamador, escritor, actor, artista plástico e com actividade regular num blogue, António Pedro da Silva Chora Barroso estreou-se como cantor em 1969, no programa de televisão Zip-Zip, fez parte da geração de cantores que resistiu ao fascismo e lutou pelas liberdades democráticas, participando em sessões de baladas e de canto livre.
Participou activamente na construção da revolução de Abril, actuando em Portugal e nas comunidades portuguesas no estrangeiro. Colaborou nas campanhas de Dinamização Cultural do Movimento das Forças Armadas (MFA). Integrou a Cooperativa Era Nova, que acompanhava Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e outros cantores da resistência. Foi muito influenciado pela canção francesa - Adamo, Barbara, Bécaud, Aznavour, Piaf, Ferré e Brassens.
Ao seu disco de estreia, em 1970, Trova-dor, seguiu-se Lutas Velhas, Canto Novo, o primeiro LP, em 1976, e mais cerca de 30 discos, o mais recente dos quais, o CD Antes do Futuro (2017) assinalou 50 anos de carreira. Previa lançar em Abril o CD Novembro, para o qual preparou um dueto com o cantor e compositor espanhol Patxi Andión, que morreu, em Dezembro, num acidente de automóvel.
Numa entrevista, em 2009, afirmava: "Tive letras cortadas, canções proibidas, tive o disco mais celeremente apreendido em Portugal. Eu, o António Macedo e o José Jorge Letria gravámos uma coisa onde se dizia muitas vezes 'soltem os encarcerados' [no disco da peça Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente], aquilo passou na rádio porque era etiqueta Zip, mas dez minutos depois o disco foi apreendido (os estúdios da Rádio Renascença eram mesmo ao lado do Governo Civil, o que até deu jeito) e nunca mais tocou."
Deixa publicados vários livros, desde Cantos Falados (poesia, 1976) a Diários da Brevidade (2017), a que chamou "uma espécie de desabafos íntimos".
Participou activamente na vida associativa da comunidade artística e musical. Integrou a direcção do Sindicato dos Músicos e foi autor de um polémico "Manifesto sobre o estado da Música Portuguesa". Em 2003, passou a integrar os corpos gerentes da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), instituição que viria a outorgar-lhe, em 2017, a Medalha de Honra de Carreira.