Num momento em que, sem pudor, se tenta branquear um dos principais mentores e responsáveis do fascismo português, Marcelo Caetano, que integrou durante vários anos diversos governos da ditadura que também chefiou, a URAP (União dos Resistentes Antifascistas Portugueses) - que conta ainda entre os seus fundadores e actuais associados com cinco antigos tarrafalistas, ou seja, prisioneiros do Tarrafal, além de muitos outros patriotas que também sofreram noutras prisões fascistas a violência, a perseguição e a arbitrariedade de um dos mais repugnantes regimes políticos sustentados por uma polícia política organizada nos mesmos moldes do nazismo - recorda com emoção aqueles que tombaram no Campo da Morte, como era conhecido o Campo de Concentração do Tarrafal, por lutarem pela implantação das liberdades cívicas, da Democracia, pelo bem estar da população.
Independentemente de outras iniciativas a promover, a URAP anuncia que, no dia 29 de Outubro, às 11 horas, os setenta anos da abertura do Tarrafal como prisão política das mais tenebrosas dos ditadores, Salazar e Marcelo Caetano, vão ser assinalados através de uma solene romagem a ter lugar junto ao Mausoléu das vítimas daquele Campo de Concentração, no Cemitério do Alto de S. João.
Este Mausoléu foi erigido devido à intervenção da URAP que, desde que foi criada por combatentes antifascistas, a maioria dos quais integrava a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, tem desenvolvido uma constante e coerente actuação no sentido de não deixar cair no esquecimento, principalmente junto dos mais novos, nas escolas, aquele nefasto período durante o qual foi imposto aos portugueses um regime férreo, opressor e obscurantista.
Lisboa, 7 de Setembro de 2006.
A Direcção da URAP