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Intervenção URAP na Festa Popular 25 Abril, Praça Paiva Couceiro, Lisboa, 24 Abril de 2010Marília Villaverde Cabral
Caros
Amigos,
Trago-vos
uma Saudação da URAP - União de Resistentes Antifascistas
Portugueses, herdeira da Comissão Nacional de Socorro aos Presos
Políticos, criada em 1969, que protagonizou uma relevante
intervenção cívica, na defesa dos presos políticos e na ajuda às
suas famílias, ou seja, na defesa de todos aqueles que resistiram e
lutaram contra a tirania de um regime opressor e terrorista que negou
os mais elementares direitos humanos ao nosso povo.
Passaram
já 36 anos da madrugada libertadora em que os heróicos capitães do
MFA, com o seu levantamento militar, culminaram décadas de
resistência e luta contra o fascismo e, por isso mesmo, foi
imediatamente apoiado por um amplo e entusiástico levantamento
popular.
Consideramos
muito importante que se comemore esta data, pois para nós que
vivemos esses tempos luminosos, comemorar esta data não é comemorar
uma efeméride, é um dever: dar a conhecer às novas gerações o
que representou o 25 de Abril de 1974 para um País, cujo regime
baseado na feroz exploração dos trabalhadores e no atraso económico
e social, foi marcado pelo domínio da economia nacional por grandes
grupos monopolistas e latifundiários aliados ao capital estrangeiro.
Com
a Revolução de Abril, conquistámos a liberdade sindical, o direito
de reunião, liberdade de expressão, direito à greve; eleições
livres e livre formação de partidos políticos; Autarquias Locais
democraticamente eleitas, fim das guerras coloniais; salário mínimo
nacional; subsídios de férias e de Natal; subsídio de desemprego;
pensões e reformas generalizadas; direito de voto aos 18 anos;
igualdade de direitos para as mulheres; direito à saúde; ao ensino
gratuito; à educação e passes sociais. Todas estas conquistas
foram consagradas pela Constituição. Hoje, estão postos em causa,
por décadas de uma política que agravou todos os problemas
nacionais, as desigualdades e injustiças. Uma política que na sua
natureza nega os valores e objectivos da Revolução de Abril. Temos
de reagir e não nos conformarmos. Mostremos também amanhã, com a
nossa presença na Manifestação Popular, com as nossas palavras de
ordem, que Abril está vivo e que continuaremos a resistir, lutando
pelas suas conquistas e nossos direitos.
O
25 de Abril e 1º de Maio são inseparáveis na celebração da
vitória da Democracia, como são o contributo dos militares do MFA e
da participação massiva dos trabalhadores e do Povo português na
Revolução de Abril, por isso, mais uma vez os trabalhadores e o
Povo estarão em massa na Jornada de luta que é o 1º de Maio.
Caros
Amigos
A URAP, apesar das dificuldades tem-se esforçado por
repor a verdade histórica, perante uma política que se tem
desenvolvido há anos e que visa o branqueamento da ditadura
fascista, dos seus crimes e, consequentemente, desvaloriza o papel da
Resistência. Para além da solidariedade para com os povos e a luta
pela Paz, temos estreitado laços com democracias de outros países,
preocupados com esta situação em que se pretende alterar a
História, em que, em vários países da Europa crescem grupos
neonazis com manifestações racistas e xenófobas.
Quando
a situação económica e social das camadas populares atinge níveis
de degradação insuportáveis, quando alastram a pobreza e o
desemprego, quando novamente o grande capital comanda um poder
político arrogante e autoritário, quando aos trabalhadores são
negados direitos e liberdades fundamentais, é tempo de lembrar as
dolorosas lições da História. Foi em situações históricas como
esta - de grande crise social - que classes dominantes promoveram
o aparecimento do fascismo.
Mas
Ontem como Hoje, é pela luta e intervenção que se afirmará a
vontade e determinação dos trabalhadores e do Povo em defender e
afirmar as conquistas da Revolução de Abril.
Como
diria Ary dos Santos:
«Depois
da Tempestade há a bonança
Que
é verde como a cor que tem a esperança
Quando
a água de Abril sobre nós cai.
O
que é preciso é termos confiança
Se
fizermos de Maio a nossa lança
Isto
vai meus amigos isto vai»
Viva
o 25 de ABRIL
Lisboa,
24 Abril/2010
Marília
Villaverde Cabral