Conhecer “o massacre de Badajoz em 14 de agosto de 1936”, após a ocupação da cidade pelas tropas nacionalistas de Franco, a que se seguiu a liquidação de centenas de republicanos, anarquistas, socialistas e comunistas, foi o tema principal de uma viagem organizada pela URAP, nos dias 15 e 16 de Outubro, a Badajoz.
Na excursão, realizada sob o signo da Memória, Resistência e Luta, Convívio, Cultura e Lazer, participaram 34 ativistas da URAP, dos quais seis membros dos órgãos dirigentes.
Na manhã de dia 16 houve um encontro com José Manuel Corbacho, advogado e presidente da ARMHEX-Associação para a Recuperação da Memória Histórica da Extremadura, e Júlia Corbacho, diretora da Biblioteca Central da Extremadura e sua mulher.
A Associação luta pela divulgação da verdade dos factos ocorridos, pela justiça e pela reparação, ainda que simbólica, junto das famílias e pela recuperação e identificação das ossadas dos republicanos assassinados e enterrados em valas comuns.
José Manuel Corbacho destacou a importância do apoio da ditadura portuguesa ao golpe de estado de Franco contra a 2ª República, legitimamente eleita, e referiu a grande importância que as populações portuguesas raianas tiveram no apoio a muitos refugiados indefesos que obtiveram abrigo em Elvas e em Barrancos, tendo ao povo desta última o governo da Estremadura atribuído, em 2009, a medalha da Estremadura, a sua mais alta distinção honorífica, como agradecimento pelo apoio da população anónima e de pessoas como o tenente Seixas, da Guarda Fiscal Portuguesa.
Foi também referido o facto de, por proposta da Associação ARMEHX, a Assembleia Municipal de Badajoz ter aprovado por unanimidade, em 2016, a atribuição dos nomes de Humberto Delgado e da sua secretária Arajaryr Campos, conjuntamente, a uma artéria da cidade, ambos assassinados pela PIDE em 13 de fevereiro de 1965, perto de Badajoz.
Após o almoço, realizou-se uma visita guiada de âmbito turístico-cultural à zona histórica de Badajoz.
A excursão incluía ainda deslocações a Campo Maior e Elvas. Na manhã de dia 15, em Campo Maior, o grupo da URAP visitou a Adega Mayor e o Museu de Ciência do Café, ambos propriedade do Comendador Rui Nabeiro, nos quais se ficou a conhecer o modelo de produção dos vinhos e do café, daquelas que são as mais importantes empresas do tecido económico da região.
Durante o almoço em Campo Maior esteve presente um companheiro espanhol amigo da URAP, Moisés Cayetano Rosado, historiador, licenciado em Filosofia e Ciências da Educação e doutorado em Geografia e História, diretor da revista “O Pelourinho”, dedicada a aspetos da vida raiana e temas históricos e sociais da realidade dos dois lados da fronteira, nomeadamente à luta, vítimas e lugares da repressão nas ditaduras ibéricas.
A tarde foi dedicada a uma visita guiada ao centro histórico de Elvas, que em conjunto com as suas muralhas e fortificações abaluartadas, as maiores do mundo, são Património Mundial da Humanidade, atribuído pela UNESCO em 2012.
Esta viagem da URAP resultou num grande sucesso, pelos conhecimentos adquiridos e pelos contactos estabelecidos com os companheiros espanhóis, que nos compete aprofundar e tornar regulares, no âmbito dos nossos compromissos internacionais. O grupo participante ficou, pois,
mais informado e mais consciente da história da repressão fascista na região transfronteiriça do Alentejo-Estremadura, e mais consciente da luta antifascista que ali se trava, sob um manto de silêncio da sociedade e das autoridades espanholas.


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