Os 61 anos da Grande Fuga de Caxias foram evocados, dia 3 de Dezembro numa cerimónia organizada pela URAP perto do monumento aos "Libertados e Libertadores", junto à Estação da CP de Caxias, Oeiras, com a presença do ex-preso-político Domingos Abrantes, do coordenador da URAP, José Pedro Soares, do presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, e cerca de centena e meia de democratas.
Domingos Abrantes, o único sobrevivente da fuga, descreveu ao pormenor toda a preparação da fuga, que durou cerca de uma ano, e a sua rápida concretização em pleno dia e a partir do pátio interior do recreio, que ficou na História como uma importante vitória dos democratas e antifascistas e uma grande derrota para o regime fascista.
Com Domingos Abrantes fugiram ainda os presos políticos e funcionários do PCP José Magro, Francisco Miguel, António Gervásio, Guilherme de Carvalho, Ilídio Esteves, Rolando Verdial, e António Tereso que conduzia o carro blindado que pertenceu a Salazar.
A fuga não teria sido possível sem a colaboração activa de António Tereso, um membro do PCP, motorista da Carris, com conhecimentos mecânicos, que desempenhou o papel de falso “rachado” e que ganhou a confiança dos carcereiros, da direcção da cadeia e da PIDE.
A cerimónia, que contou ainda com a presença de membros da Associação 25A, iniciou-se com a intervenção de José Pedro Soares que falou sobre a actividade da URAP e agradeceu à Câmara Municipal de Oeiras, na pessoa do presidente, a colaboração e ajuda.
O coordenador da URAP sugeriu a Isaltino Morais a construção, naquele local, de um Memorial com o nome dos cerca de 10.300 presos, homens e mulheres, que passaram pela Cadeia de Caxias entre 1936 e 1974, ao que o presidente da Câmara acedeu prontamente, comprometendo-se a fazê-lo até aos 50 anos do 25 de Abril.
Em seguida, falou Isaltino Morais que começou por dizer que depois do relato da fuga feito por Domingos Abrantes ninguém pode ficar indiferente à coragem e heroicidade de quem se bateu pela liberdade e pelos seus objectivos, acrescentando que municípios, como Oeiras, que têm no seu território um forte onde houve tanto sofrimento têm obrigação de não o deixar esquecer.
A cerimónia terminou com um momento musical, tendo actuado o grupo "Amigos de Abril”, e um grupo de coralistas que interpretou o Hino de Caxias.