António Regala, grande figura antifascista de Aveiro, que morreu recentemente, foi homenageado dia 23 de Abril naquela cidade, numa cerimónia organizada pela URAP e integrada nas Comemorações do 48º aniversário do 25 de Abril.
A sessão, que decorreu na sede da Assembleia Municipal de Aveiro, contou com a presença de cerca de uma centena de amigos do homenageado, e revestiu-se de um carácter intimista, com uma enorme carga afectiva, tal como a URAP e a companheira de António Regala desejaram.
Usaram da palavra representantes das organizações em que Regala desempenhou um papel de grande relevo. A URAP fez-se representar pelo coordenador do Núcleo de Aveiro, Jaime Machado, que leu uma mensagem enviada por Marília Villaverde Cabral, vice-presidente da Assembleia Geral da URAP, ausente por motivos de saúde.
De salientar a presença de António Neto Brandão, o único elemento vivo da Comissão Executiva do III Congresso da Oposição Democrática de Aveiro.
Falaram ainda os representantes do Partido Comunista Português, Octávio Augusto, membro da Comissão Política do Comité Central; a presidente do Circulo Experimental de Teatro de Aveiro, Rosa Laranjeira; e o presidente do Sport Clube Beira Mar, Afonso Miranda.
Na sessão foram ainda lidos textos de antigos companheiros do Regala na sua vida académica, que não puderam estar presentes, e houve várias intervenções do público.
Todas as intervenções realçaram o Homem de grande carácter que foi António Regala, sublinhando a sua afabilidade, o empenhamento cívico, a preocupação com a coisa pública, a combatividade sempre manifestada na defesa das causas que abraçava, para além da enorme capacidade para estabelecer o diálogo com todos os demais, independentemente de ideologias ou credos.
Neto Brandão, seu companheiro na Comissão Executiva do III Congresso da Oposição Democrática de Aveiro, realçou a coragem intelectual e mesmo física do homenageado. A este propósito contou que a romagem que os congressistas decidiram fazer à campa de Mário Sacramento fora proibida à última da hora e que o Governador Civil de Aveiro ameaçou penalizar criminalmente os membros da Comissão Executiva se a mesma se realizasse.
Reunida a comissão, ficou decidido que nenhum dos seus membros participaria na referida romagem, mas que esta deveria realizar-se, uma vez que a decisão havia pertencido aos congressistas e não à Comissão Executiva.
Esta decisão foi cumprida por todos, menos por António Regala que, apesar de ser o mais jovem dos elementos (contava na altura 21 anos) e expondo-se às gravosas consequências que sobre ele se poderiam abater, participou e encabeçou a romagem, que haveria de terminar com uma forte carga da polícia de choque.
De referir que as comemorações do 25 de Abril em Aveiro têm vindo a ser organizadas desde há uns anos por um conjunto de associações do concelho de Aveiro, entre as quais a URAP; a AJA – Associação José Afonso; o CETA – Circulo Experimental de Teatro de Aveiro; o GEMDA – Escola de Dança de Aveiro; os Cantares da Ria – Grupo Cénico de Aveiro; a Tuna Universitária de Aveiro; o Grupo Poético de Aveiro; AveiroArte; o Movimento Democrático das Mulheres; a União dos Sindicatos de Aveiro; o Coral Polifónico de Aveiro; a BARRICA – Associação de Artesãos da Região de Aveiro.
A vereadora da Câmara Municipal Teresa Grancho, em nome do presidente, e Fernando Marques, presidente da Junta da União das Freguesias da Glória e Vera Cruz, assistiram à cerimónia, bem como Celme Tavares, coordenadora regional do Bloco de Esquerda.
A sessão terminou com dois amigos de António Regala a dizer poesia e um momento musical.