Intervenção de Celestina Leão na Homenagem às vítimas do fascismo no Tarrafal, realizada a 16 de Março de 2013, em Lisboa, no Cemitério do Alto de S. João

 

Amigos:
A URAP congratula-se com a vossa adesão à homenagem, que anualmente vem realizando junto a este mausoléu, erigido em memória dos combatentes e resistentes na luta contra o fascismo, que morreram no Campo de Concentração do Tarrafal.
Apesar dos muitos anos passados, achamos oportuno recordar neste momento, ainda que sucintamente, o que representou na história de Portugal a existência daquele Campo de Concentração, que foi criado em 1937.
- Logo no início da ditadura fascista, registou-se no país um poderoso surto de lutas sociais e políticas. A primeira revolta armada surge em 1927, apoiada por milhares de populares. A sua repressão  provocou centenas de mortos, feridos e deportados. Seguiu-se  a revolta  do Batalhão de Caçadores 7, em 1928. Três anos depois explode a revolta da Madeira que se manteve durante 25 dias, enfrentando as forças do Governo. Seguem-se as revoltas dos deportados políticos da Ilha Terceira, em S. Tomé, em Cabo Verde e na Guiné.
- Entretanto, a fascização do Estado português desenvolve-se tomando como modelo o fascismo de Mussolini e posteriormente o nazismo de Hitler. Em simultâneo crescem as lutas contra aquela concepção de «Estado forte», que na prática significava: repressão, abolição de partidos, eliminação de sindicatos livres, imposição da censura falada ou escrita, etc.
- Em 1934 na luta contra a fascização dos sindicatos, destacou-se a Revolta dos trabalhadores da Marinha Grande com a ocupação da Vila e a intervenção da GNR, que prendeu dezenas de manifestantes.
- Em 1935 os funcionários públicos passam a ser obrigados a assinar uma declaração anticomunista. Em consequência foram demitidos milhares de funcionários que não deram provas de aceitar tal medida.   
- Em 1936 revoltaram-se os marinheiros do navios : Dão e Afonso de Albuquerque.  
- Entretanto, o avanço do fascismo pela Europa matava e aprisionava populações quase inteiras, criando para o seu aprisionamento um elevado número de campos de concentração, de inspiração hitleriana, visando o extermínio dos prisioneiros. Foi um processo iniciado na Alemanha que rápido se  alargou a toda a Europa.
- No quadro de protestos nacionais atrás descritos, a ditadura de Salazar decidiu criar também um campo de morte lenta para aí concentrar os mais destacados lutadores antifascistas e aterrorizar o povo. A ordem caíu em  Cabo Verde, na chamada «Colónia Penal» do Tarrafal, numa das piores zonas climáticas, a  Achada Grande, na Ilha de Santiago.
- As intempéries, a água inquinada, a má alimentação, os mosquitos, o paludismo, a falta de medicamentos, associados aos: trabalhos forçados, castigos, violência dos carcereiros, bem como às sentenças do director do campo Manuel dos Reis, que vociferava « Quem vem para o Tarrafal vem para morrer!», e do próprio médico para ali destacado que dizia: «não estou aqui para tratar, estou para passar certidões de óbito!»; dão bem a  ideia de quão sinistra era ali a repressão fascista.
- Enfim, para que não volte a haver em Portugal uma ditadura fascista, a URAP propõe como principais  objectivos, os seguintes
Defender e consolidar as liberdades democráticas e a vigilância popular, dentro de um espírito amplamente unitário, combatendo todas as manifestações ou tendências fascistas;
Pugnar pelo reconhecimento público dos direitos e da autoridade moral dos combatentes da resistência antifascista;
Divulgar todas as violências do regime fascista, bem como quaisquer ofensivas de carácter fascista cometidas no Portugal democrático, responsabilizando os seus autores;
Contribuir activamente para a defesa dos princípios democráticos da paz e da cooperação entre todos os povos do mundo;   
Apoiar, por todas as formas ao seu alcance, as vítimas do fascismo em Portugal bem como as vítimas do fascismo internacional, designadamente os refugiados políticos;   
Etc... etc.

Enfim, amigos, TARRAFAL, NUNCA MAIS,  EM PORTUGAL !!!

 

16 de Março de 2013

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A FIR, a organização internacional de antigos combatentes da resistência, apoiantes, vítimas do

fascismo e antifascistas das gerações de hoje, condena a perseguição contra 35 líderes sindicais da PAME em Atenas. Embora o Ministério Público não tenha encontrado qualquer testemunha para as suas acusações o julgamento continuará em Junho de 2013.

Vemos este julgamento não apenas como um ataque contra os acusados ​​líderes sindicais da PAME e o direito dos sindicatos na Grécia, mas também contra todas as pessoas que lutam contra os cortes sociais, as mudança da lei dos trabalhadores e a actual reversão da liberdade e dos direitos democráticos.

Sabemos pela história: a resolução dos problemas económicos e políticos da sociedade no interesse do povo só pelo resultado da luta activa do movimento dos trabalhadores. Todas as tentativas de diminuir o papel dos sindicatos e seus direitos pioram cada vez mais a situação das pessoas. A crise económica resulta em pobreza e abre as portas ao populismo de direita. Para lutar contra ambos precisamos de sindicatos fortes e activos.

É por isso que FIR declara a sua profunda solidariedade com os 35 dirigentes sindicais da PAME e com o movimento operário. Apelamos também aos membros das nossas federações a expressar sua solidariedade e apoio.

Decisão do comité executivo - Fevereiro 2013
Dr. Ulrich Schneider
Secretário Geral

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Resolução aprovada na Assembleia Geral, realizada a 2 de Março de 2013, na Biblioteca-Museu República e Resistência, em Lisboa.

 

Considerando que:

 

  1. A política do actual Governo do PSD/CDS mergulhou o país numa grave crise financeira, económica, política e social;

  2. Que o Governo não só não conseguiu cumprir nenhum dos objectivos a que se propôs como, ao invés, agravou todos os índices macroeconómicos geradores dessa mesma política;

  3. Que as medidas de autoritarismo impostas por este Governo degradaram fortemente a vida dos cidadãos, minaram a sua confiança, deterioraram o Estado Social e estão a pôr em causa as próprias Instituições democráticas, tal como as conhecemos;

  4. Que o Governo tem demonstrado uma inaceitável submissão aos interesses do grande capital financeiro e um visível desprezo pelos interesses nacionais;

  5. Que é o próprio Governo a assumir que com esta política o desemprego estrutural se irá manter nos 14%, o que significaria a existência permanente de mais de 700 mil desempregados no nosso país;

  6. Que a legitimidade do Governo se encontra ferida pelo facto de estar a governar em frontal oposição ao programa com que se propôs ao eleitorado;

  7. Que a crescente oposição a esta política pode gerar situações de ingovernabilidade idênticas às surgidas quer na Grécia quer recentemente na Itália

 

Os membros da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) reunidos em Assembleia Geral, situada na Rua Alberto de Sousa, 10 A, à Zona B do Rego em Lisboa, a 02 de Março/2013, deliberam:

 

1 - Protestar veementemente contra esta política;

 

2 - Solicitar ao Sr. Presidente da República e à Assembleia da República a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições de forma a devolver a palavra aos cidadãos;

 

3 - Reafirmar a sua firme disposição em lutar por todas os meios ao seu alcance pela defesa da democracia e pelo cumprimento escrupuloso dos valores inscritos na Constituição da República Portuguesa;

 

4 - Enviar esta resolução ao Sr. Presidente da República e à Assembleia da República;

 

5 - Dar conhecimento desta resolução ao Governo, ao Provedor de Justiça à FIR (Federação Internacional de Resistentes) e à Comunicação Social.

 

 

Lisboa, 02 de Março/2013

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Relatório de Actividades do ano de 2012, aprovado na Assembleia Geral, realizada a 2 de Março de 2013, na Biblioteca-Museu República e Resistência, em Lisboa.

 

1 - ORGANIZAÇAO

Foram dados passos significativos no trabalho com o ficheiro, do que resultou uma melhor forma de contacto com os sócios.

Fez-se uma nova edição de cartões de sócio.

Devido à diversificada acção desenvolvida, um número significativo de democratas aderiu à URAP neste ano de que resultou uma maior recolha de quotas, embora ainda aquém das necessidades e possibilidades.

Houve ainda um grande esforço de contacto com os sócios, de que resultou uma maior recolha de quotas, embora ainda aquém das necessidades e das possibilidades.

Conforme o decidido na Assembleia-Geral de 2011 foi criada a Comissão Coordenadora dos Núcleos, embora só tenha reunido uma vez.

 

2 ACTIVIDADE

A Direcção da URAP, neste ano, tomou posição, em conjunto com outras organizações sobre os atentados à liberdade e à democracia em Portugal e noutras partes do mundo.

Denunciou a escalada de guerra no Médio Oriente e solidarizou-se com o povo da Palestina e da Síria.

Integrada na Iniciativa "O Comboio dos 1.000", organizada pela FIR, pelo Instituto dos Veteranos da Bélgica e pela Fundação Auschwitz, a URAP participou na visita ao campo de Concentração Auschwitz-Bikenau, com a presença de 108 jovens, de Escolas de Almada, Seixal e Oliveira de Azeméis e outras organizações juvenis. No grupo dos jovens, integrou-se também José Pedro Soares, resistente antifascista, preso e torturado no Forte de Peniche, o que proporcionou aos jovens o conhecimento do que foi o fascismo em Portugal.

Em Maio de 2012, a URAP realizou uma visita guiada às cidades mais representativas da Guerra Civil de Espanha, tendo tido em Madrid um encontro com a "Associação de Resistentes Foros de La Memória" e, em Barcelona, colocou uma coroa de flores no monumento, em memória dos que, por defenderem a República, caíram nessa guerra.

Em parceria com a Biblioteca Museu República e Resistência - Espaço Grandella (C.M.L.), a URAP organizou uma série de iniciativas sob o lema "ROSTOS DA RESISTÊNCIA"

  • Homenagem à Rádio Portugal Livre - "Ondas da Liberdade", com a participação de Aurélio Santos e Zeferino Coelho,

  • Homenagem a Bento Gonçalves com a participação de Aurélio Santos, Américo Nunes e José Barata, que conviveu no Tarrafal com Bento Gonçalves;

  • Homenagem a Virgínia Moura, com a participação de Areosa Feio e Maria José Ribeiro, ambos companheiros das mesmas lutas e dos mesmos combates;

  • Homenagem ao maestro Fernando Lopes Graça, com a participação do Coro da Academia dos Amadores de Música e a intervenção de Filipe Diniz e do Maestro José Robert

A URAP esteve presente no acampamento de "JUVENTUDE PELA PAZ", em Avis, tendo ficado a seu cargo a organização do debate com o tema "A derrota do nazi-fascismo e a luta pela Paz"

A URAP realizou, mais uma vez a Homenagem-Romagem aos Tarrafalistas, junto ao seu Mausoléu no cemitério do Alto de S. João em Lisboa.

A URAP tem continuado a participar na Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril, bem como no desfile em Lisboa, no Porto e noutras cidades do país. Também tem a URAP organizado através dos seus Núcleos, sessões de esclarecimento e de informação em várias escolas, abrangendo largas centenas de jovens.

A URAP tem já no prelo um folheto sobre a viagem realizada ao Tarrafal na altura das comemorações do 35º aniversário do encerramento daquele campo de concentração, que será divulgado neste ano corrente.

3 - MUSEU DA RESISTENCIA EM PENICHE

Renovou-se a assinatura do Protocolo com a Câmara de Peniche

Estabeleceu-se um acordo com a Câmara para o levantamento, na Torre do Tombo, dos nomes de todos os presos que passaram pelo Forte, com vista à edificação de um Memorial com o nome de todos os presos. Para além da homenagem devida, este trabalho de pesquisa é um considerável contributo da Câmara de Peniche e da URAP para a História da Resistência do nosso país.

Para além das visitas ao Forte, sempre acompanhadas por ex-presos políticos, salienta-se a visita em Outubro último de 100 jovens que participaram na sequência do "Comboio dos 1000", acompanhados por Álvaro Pato, José Ernesto Cartaxo, José Pedro Soares e Manuel Pedro. Os jovens foram recebidos pelo Presidente da Câmara, que lhes dirigiu umas palavras, assistiram a um filme sobre a viagem e realizado por Bruno Vassalo e ouviram também as palavras de Eulália Miranda e Silvina Miranda, filhas do ex-preso político Diniz Miranda.

4 - QUESTÕES INTERNACIONAIS

A URAP tem mantido uma ligação estreita com a FIR - Federação Internacional de Resistentes e divulgado as suas tomadas de posição.

A URAP tem-se esforçado, através de outras associações antifascistas, de conhecer e apoiar as iniciativas realizadas em defesa da Paz e contra acções de nazis que, em vários países da Europa têm vindo a surgir.

 

NOTA:

Este Relatório não traduz a actividade dos Núcleos

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